O agravamento, com quase 3,5 milhões de novos contágios desde o início de abril, é atribuído em particular a uma "dupla mutação" do vírus
O agravamento, com quase 3,5 milhões de novos contágios desde o início de abril, é atribuído em particular a uma "dupla mutação" do vírusAFP
Por AFP
A pandemia de coronavírus continua a provocar tragédias e revelar a deterioração dos sistemas de saúde em muitas partes do mundo: a Índia atingiu neste domingo (25) níveis recordes de infecções e mortes. O país registrou um novo recorde mundial de 350 mil novos casos em 24 horas e superou seu recorde nacional de mortes diárias, com 2.767 óbitos. O gigante asiático, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, não consegue conter a epidemia.

"A devastação do coronavírus continua e não há trégua", admitiu neste domingo o chefe do governo da capital Nova Delhi, Arvind Kejriwaly, que decidiu estender o confinamento na região por mais uma semana.


Hospitais lotados
No mundo, foram registradas 823.179 novas infecções em 24 horas, segundo contagem realizada neste domingo pela AFP. A pandemia já causou mais de 3,1 milhões de mortes e mais de 146 milhões de infecções em todo o planeta desde o aparecimento da doença, na China, em dezembro de 2019.

Mas hoje é na Índia que se produzem as imagens mais dramáticas, com hospitais saturados de pacientes - em leitos ocupados por duas ou três pessoas - e falta de oxigênio para salvar vidas.

Nesse país, 16,9 milhões de pessoas contraíram a doença desde o início da pandemia e 192 mil morreram, o que coloca a Índia em quarto lugar em número de mortes.

Vários países fecharam suas portas para viajantes da Índia, como Itália e Alemanha, exceto para seus próprios cidadãos. O Kuwait anunciou no sábado a suspensão de seus voos comerciais com o país asiático. Ao mesmo tempo, a União Europeia (UE) anunciou neste domingo que se preparava para fornecer "assistência", logo após a chanceler alemã, Angela Merkel, fazer uma declaração semelhante.

Por sua vez, os Estados Unidos desaconselharam as viagens ao país, e o Canadá suspendeu por 30 dias os voos da Índia e do Paquistão. Na Europa, a detecção da variante indiana na Bélgica, Suíça e, neste domingo, na Grécia, preocupa.

Restrições
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Para impedir a chegada das variantes, a França implementou no sábado um protocolo específico para suas fronteiras. Viajantes de cinco países de alto risco - Brasil, Argentina, Chile, Índia e África do Sul - serão submetidos a um teste de antígeno na chegada à França, além de um teste de PCR realizado antes do voo. Esses passageiros deverão então ser isolados por dez dias.

O Brasil, segundo país mais atingido pela pandemia, bateu um novo recorde mensal de mortes, registrando no sábado 67.977 óbitos pela covid-19 desde o inícios de abril, superando os 66.573 falecimentos registrados em todo o mês de março, segundo o Ministério da Saúde.

Por sua vez, o Equador bateu seu recorde de infecções em um mês, com 43.999 novos casos, superando a cifra de março, um dia depois de impor toques de recolher de 57 horas nos próximos quatro fins de semana para aliviar as infecções.

Três meses antes dos Jogos Olímpicos, a situação no Japão também é preocupante: o estado de emergência entrou em vigor em Tóquio e em três outros departamentos (Kyoto, Osaka e Hyogo) neste domingo até 11 de maio.

A lentidão da campanha de vacinação no Japão também alimenta dúvidas sobre a capacidade do país de organizar o tão aguardado evento olímpico. No entanto, globalmente, a vacinação se acelera em vários países.

O mundo superou no sábado um bilhão de doses administradas em 207 países ou territórios, de acordo com uma contagem da AFP a partir de fontes oficiais. Mais da metade (58%) foi injetada em três países: Estados Unidos (225,6 milhões), China (216,1 milhões) e Índia (138,4 milhões). Na União Europeia, 128 milhões de doses foram administradas a 21% da população.