George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados Unidos
George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados UnidosReprodução Facebook
Por AFP
Washington - George Floyd "mudará o mundo", disse nesta terça-feira (25) sua filha Gianna, que será recebida com sua família por Joe Biden na Casa Branca no primeiro aniversário da morte do afro-americano pelas mãos de um policial branco e no momento em que o projeto de lei contra a violência policial está preso no Senado.

Assassinado em 25 de maio de 2020 em Minneapolis durante sua detenção por quatro policiais, Floyd se tornou um símbolo nos Estados Unidos e no mundo.

Na cidade do Nordeste do país, a tensão continuou alta nesta terça-feira: uma pessoa foi ferida a tiros no local da morte de Floyd, onde as pessoas se reuniram no aniversário de um ano do crime.

Pouco antes das 10h00 locais, várias detonações semearam o pânico e as pessoas correram para se abrigar, observou um fotógrafo da AFP. Várias vitrines foram destruídas por balas.

Porta-vozes da luta
A morte de Floyd provocou uma mobilização sem precedentes, e sua última frase "não consigo mais respirar" se tornou um grito de guerra contra os abusos da polícia.

A justiça avança: Derek Chauvin, o policial que se ajoelhou sobre o pescoço de Floyd, pressionando-o por quase dez minutos, foi condenado por assassinato.

A sentença será anunciada em 25 de junho, mas os membros da família Floyd, que se transformaram em porta-vozes desta luta, insistem que as coisas devem mudar profundamente e pressionam para que o Congresso aprove um projeto de reforma abrangente da polícia que leva o nome deles.

George Floyd "mudará o mundo", disse Gianna durante uma reunião com a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

“Eles estão determinados que algo aconteça”, disse a legisladora. "Agora vão para a Casa Branca, que é um verdadeiro símbolo da estima que temos por eles".

"Trabalharemos até que a tarefa seja concluída, será feito em consenso" com os republicanos, disse a deputada democrata Karen Bass.

Os parentes de George Floyd irão então visitar a "Black Lives Matter Plaza" no final da tarde, que se tornou um local de concentração e memória na capital.
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"Uma conversa verdadeira"
Por enquanto, a Casa Branca está tentando destacar a empatia do presidente em vez da agenda legislativa.

O dia 25 de maio de 2020 "teve um grande impacto em milhões de americanos", afirmou a porta-voz do presidente, Jen Psaki, acrescentando que Biden foi marcado pela "coragem e simpatia" da família de Floyd, especialmente de sua filha Gianna.

"Gostaria de estar com vocês e tomá-los em meus braços", disse durante uma conversa telefônica com os familiares de Floyd, pouco depois do anúncio da decisão no julgamento de Chauvin, que manteve os Estados Unidos em clima de suspense.

A reunião desta terça-feira acontecerá a portas fechadas na Casa Branca, para permitir "uma conversa verdadeira".
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Progressos em nível local
Já no legislativo, as coisas estão muito mais lentas.

Em seu primeiro grande discurso ao Congresso no final de abril, Biden pintou a imagem de um Estados Unidos novamente de pé após uma série de grandes crises.

O presidente pediu ao Congresso que aprovasse um projeto de lei para uma reforma policial que leva o nome de George Floyd, no primeiro aniversário de sua morte.

A lei "George Floyd Justice in Policing Act", no entanto, ainda está sendo debatida no Senado.

O texto, adotado pela Câmara dos Representantes, prevê particularmente a proibição do estrangulamento e tem como objetivo limitar a ampla imunidade ("imunidade qualificada") da qual os policiais desfrutam.

"O cronograma para a aprovação da lei não será mantido", admitiu Psaki, enfatizando que Biden disse estar satisfeito com os progressos em andamento.

Eleito com base em uma imagem de homem de diálogos, capaz de chegar a acordos com os republicanos, o presidente democrata, que foi senador durante 38 anos, sabe que está apostando grande parte de seu capital político nesta questão, assim como com o investimento maciço em infraestrutura, que também enfrenta sérios obstáculos no Capitólio.

Enquanto o debate para uma lei federal continua, algumas cidades estão tentando adotar normas para reduzir o risco de abusos policiais, por exemplo, impondo que os oficiais que estejam encarregados da segurança rodoviária não portem armas.