Talibãs se pronunciam nesta terça-feira, 17AFP
"Respeitaremos a liberdade de imprensa, porque a informação dos veículos de comunicação será útil para a sociedade e poderá ajudar a corrigir os erros dos líderes", disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid.
"Com esta declaração ao RSF, declaramos ao mundo que reconhecemos a importância do papel dos meios de comunicação", acrescentou em uma conversa telefônica com o RSF no domingo, segundo o comunicado.
E acrescentou: "Os jornalistas que trabalham para meios de comunicação estatais ou privados não são criminosos e nenhum deles será perseguido. Na nossa opinião, esses jornalistas são civis e, além disso, são jovens com talento que constituem nossa riqueza".
Durante o primeiro período do governo talibã no Afeganistão, de 1996 a 2001, todos os meios de comunicação foram proibidos, exceto a emissora de rádio A Voz da Sharia, "que não emitia nada além de propaganda e programas religiosos", lembrou RSF.
Sobre as mulheres jornalistas, Mujahid disse que poderão continuar trabalhando, contando com que usem o hijab ou cubram os cabelos. Ele afirmou que vai estabelecer um "marco legal" e que, enquanto isso, elas devem "ficar em casa, sem estresse e sem medo". "Garanto a vocês que voltarão aos seus postos de trabalho", insistiu.
Muitos analistas recomendam ter cuidado na hora de levar os compromissos dos talibãs ao pé da letra, dado o histórico do grupo de violar acordos e sua violenta hostilidade contra qualquer um que considerem que trabalha contra seus interesses. Os analistas também consideram que o grupo quer projetar uma imagem mais moderada para obter reconhecimento internacional.
O Afeganistão possui pelo menos oito agências de notícias, 52 canais de televisão, 165 emissoras de rádio e 190 jornais impressos, segundo RSF, citando dados da Federação Afegã de Imprensa e Jornalistas. O país possui um total de 12 mil jornalistas, segundo a mesma fonte.
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