Secretário-geral da ONU, António GuterresAFP
Chefe da ONU adverte para catástrofe humanitária no Afeganistão e pede recursos
António Guterres alertou que o país vive uma 'ameaça de um colapso total dos serviços básicos'
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, advertiu nesta terça-feira (31) para a possibilidade de "uma catástrofe humanitária" no Afeganistão e pediu recursos para este país após a saída das forças americanas.
"Uma catástrofe humanitária se avizinha", declarou Guterres em um comunicado, no qual mencionou "o agravamento da crise humanitária e econômica" e a "ameaça de um colapso total dos serviços básicos".
Guterres também exortou os Estados-membros da ONU a "outorgar um financiamento oportuno, flexível e amplo" para responder à situação do povo no Afeganistão que, segundo ele, está "em sua hora mais escura" em termos do atendimento a suas necessidades básicas.
"Insto-lhes a ajudarem a garantir que os trabalhadores humanitários tenham o financiamento, o acesso e as garantias legais de que precisam para ficar e entregar" esta ajuda, acrescentou em seu comunicado.
Sem citar os talibãs, o chefe da ONU pediu a "todas as partes que facilitem o acesso humanitário seguro e sem obstáculos a provisões vitais e essenciais, assim como a todos os trabalhadores humanitários, homens e mulheres".
Ele lembrou também que "quase metade da população afegã, 18 milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária para sobreviver".
"Um em cada três afegãos não sabe de onde virá sua próxima refeição", justificou Guterres, para depois enfatizar que mais da metade das crianças menores de cinco anos passarão fome no ano que vem.
"Mais do que nunca, as crianças, as mulheres e os homens do Afeganistão precisam da solidariedade da comunidade internacional", insistiu.
Vinte anos depois de serem expulsos do poder pelos Estados Unidos, os talibãs controlam mais uma vez a maior parte do território afegão. Eles comemoraram a vitória na terça-feira, quando o último voo militar americano deixou Cabul na noite anterior, após a retirada total de suas tropas e uma evacuação em massa de funcionários e cidadãos afegãos.
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