Kolesnikova, de 39 anos, foi declarada "culpada" por conspirar para tomar o poderAFP

Um tribunal de Belarus condenou uma das principais figuras da oposição do país, Maria Kolesnikova, que liderou os grandes protestos contra o presidente Alexander Lukashenko em 2020, a 11 anos de prisão por considerá-la culpada de atentar contra a segurança nacional.

Kolesnikova, de 39 anos, foi declarada "culpada" por conspirar para tomar o poder, convocar ações que atentavam contra a segurança nacional e "criar um grupo extremista", informou a Procuradoria-Geral em um comunicado.

O advogado Maxim Znak, também acusado, foi condenado a 10 anos em uma prisão de alta segurança. Kolesnikova e Znak estavam detidos há onze meses.

Segundo imagens divulgadas antes do veredicto por algumas contas no aplicativo Telegram, Kolesnikova, de cabelo curto e batom vermelho, apareceu sorrindo na sala de audiências, trancada em uma gaiola de vidro ao lado de Znak.

Embora algemada, ela fez um coração com as mãos, um dos símbolos do movimento nascido em agosto de 2020 contra a reeleição fraudulenta de Lukashenko, no poder desde 1994. O regime reprimiu com violência o movimento histórico, com milhares de detenções, exílios forçados e o fechamento de organizações políticas, meios de comunicação e ONGs.

No Twitter, a ex-candidata presidencial Tikhanovskaya pediu "a libertação imediata de Maria e Maxim". "Trata-se de aterrorizar os bielorrussos que se opõem ao regime", denunciou.

Os Estados Unidos denunciaram uma condenação "vergonhosa" e a União Europeia (UE), a "flagrante falta de respeito" dos direitos humanos por parte do governo de Belarus. O Reino Unido pediu ao governo de Lukashenko que encerre a "repressão" e liberte os presos políticos.

Tentativa de exílio forçado
Kolesnikova foi presa em setembro após resistir a uma tentativa das autoridades de expulsá-la de seu próprio país.

Segundo seus parentes, os serviços especiais bielorrussos (KGB) a sequestraram e, com um saco na cabeça, tentaram levá-la até a fronteira com a Ucrânia. Sem querer deixar seu país à força, ela pulou de uma janela e rasgou seu passaporte, o que a levou à prisão.

"Não esqueceremos a coragem de Maria, que decidiu ficar em Belarus apesar da ameaça de uma forte pena de prisão", destacou a ONG Anistia Internacional.

Kolesnikova e Znak trabalharam para Viktor Babaryko, rival do presidente bielorrusso e que foi recentemente condenado a 14 anos de prisão por fraude, num processo denunciado como perseguição política.

Eles também fizeram parte do conselho de coordenação criado pela oposição após as eleições de agosto de 2020 para organizar uma transição pacífica de poder.

Kolesnikova foi uma das três mulheres que lideraram o movimento de protesto desencadeado há um ano contra Lukashenko, junto a Svetlana Tikhanovskaya e Veronika Tsepkalo, que fugiram do país, pressionadas pelas autoridades.

Os países ocidentais adotaram inúmeras sanções contra o regime bielorrusso, que, por outro lado, conta com o apoio de Moscou.

O presidente Lukashenko deve ser recebido novamente esta semana pelo presidente russo, Vladimir Putin, para dar continuidade ao trabalho iniciado há meses para fortalecer a integração econômica e política dos dois países.