Secretário-geral da ONU, António Guterres durante a Assembleia Geral Anual das Nações UnidasAFP

Nações Unidas - Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU alcançaram na quarta-feira uma área comum a respeito do Afeganistão e afirmaram que todas as potências pressionarão o Talibã para que sejam mais inclusivos após a tomada do poder com uma ofensiva militar.
China e Rússia descreveram a vitória Talibã no mês passado como uma derrota para os Estados Unidos e se mobilizaram para trabalhar com os insurgentes, mas nenhum país reconheceu o governo afegão até o momento.
As potências do Conselho de Segurança querem "um Afeganistão no qual os direitos das mulheres e meninas sejam respeitados, um Afeganistão que não seja santuário do terrorismo, um Afeganistão no qual tenhamos um governo inclusivo que represente diferentes setores da população", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, após a reunião durante a Assembleia Geral.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e os ministros das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, França e Rússia conversaram pessoalmente, enquanto o chanceler chinês, Wang Yi, participou do encontro, que durou pouco mais de uma hora, por videoconferência.
Uma fonte americana descreveu a reunião convocada pela ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, como "construtiva" e com "muitas convergências", incluindo a esperança de que o Talibã respeite os direitos das mulheres e das meninas.
"Não acredito que ninguém esteja satisfeito com a composição deste governo interino, incluindo os chineses", disse a fonte, que pediu anonimato.
Entrevistado pela AFP antes da reunião, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, afirmou que as cinco potências queriam um governo inclusivo: "A união está em todas as partes".
A China já criticou o governo dos Estados Unidos por congelar bilhões de dólares em ativos afegãos. Mas a Pequim não interessa que a nação vizinha vire uma base para grupos extremistas externos.
O Afeganistão também foi objeto de conversas virtuais por parte do Grupo das 20 principais economias, que incluíram a participação de outras nações como o Catar, que está no centro da diplomacia Talibã.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, renovou sua preocupação com o governo provisório do grupo, sem nenhum membro não talibã ou mulher e, em vez disso, com ministros incluído na em uma lista da ONU de acusados por terrorismo.
"O anúncio de um governo não inclusivo foi um erro tático dos talibãs, que dificultará nossa relação com eles", declarou Maas.
O Talibã, em busca de reconhecimento internacional, pediu permissão para discursar na Assembleia Geral da ONU antes que o debate geral termine na noite de segunda-feira. Mas os Estados Unidos disseram que o comitê de credenciamento da ONU não se reunirá até novembro.