O déficit de investimento em saúde também se traduz em escassez de recursos humanos e materiais AFP

A América Latina deve aumentar os gastos públicos com saúde para avançar na recuperação econômica da crise provocada pela covid-19, pediram nesta quinta-feira (14) a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
A pandemia revelou a "interdependência" que existe entre as dimensões de saúde e econômica, e mostrou que é "imperativo" para a região aumentar os gastos públicos com saúde para garantir uma recuperação sustentável, afirmaram ambas as agências das Nações Unidas em um relatório conjunto.
"É hora de transformar os sistemas de saúde da América Latina e do Caribe com base em um enfoque de atenção primária à saúde, para acelerar a recuperação após a pandemia", declarou Carissa Etienne, diretora da Opas, ao apresentar o relatório.
"No ano passado argumentamos que sem saúde não há economia e hoje reiteramos que sem saúde não haverá recuperação econômica sustentável", disse Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, instando os países a investirem no setor sanitário.
A América Latina e o Caribe têm gastos públicos com saúde abaixo do acordo regional de 6% do PIB e gastos com saúde per capita bem abaixo dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), diz o relatório.
Além disso, a situação é muito desigual na região.
Enquanto o gasto total (público e privado) com saúde em Cuba e Uruguai ultrapassa 2.000 dólares per capita, com uma proporção do gasto público superior a 70% (próximo ao dos países da OCDE), no Haiti, Honduras e Venezuela é bem abaixo de 500 dólares, com uma participação pública inferior a 50%.
O subfinanciamento causa grande dependência de gastos diretos (que representam 33,6% do gasto total em saúde), gerando problemas de acesso aos serviços, pobreza e desigualdade.
O déficit de investimento em saúde também se traduz em escassez de recursos humanos e materiais.
Na região, a disponibilidade média é de 20 médicos por 10.000 habitantes, bem abaixo da média de 35 médicos por 10.000 habitantes nos países da OCDE e dos parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), observa o relatório.