Líderes do G20 neste sábado, 30AFP
Os líderes das 20 nações mais desenvolvidas se comprometem a limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação à era pré-industrial e reduzir o uso do carvão, mas não definem uma data precisa para a neutralidade de carbono, segundo o esboço da declaração final.
"Se o G20 era um ensaio geral para a COP26, os líderes mundiais se equivocaram", declarou a diretora-geral do Greenpeace, Jennifer Morgan, para quem os líderes "não estiveram à altura do desafio".
"Não passam de medidas obscuras em vez de ações concretas", comentou Friederike Röder, da Global Citizen.
A pressão sobre os líderes do G20 reunidos em Roma desde sábado, em sua primeira cúpula presencial desde 2019, foi forte. Do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao papa Francisco, os apelos por medidas ambiciosas se multiplicaram até o último minuto.
"Estamos diante de uma escolha simples: podemos agir agora ou lamentar mais tarde", declarou o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para quem as medidas tomadas desde o Acordo de Paris foram "insuficientes".
A linguagem usada no rascunho da declaração final é "mais forte" do que no referido pacto, segundo duas fontes que participaram das negociações. O G20 se compromete a "continuar os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5ºC", uma meta que requer "ações e compromissos significativos".
Os países se comprometem a deixar de financiar a construção de novas usinas a carvão no exterior, embora sem especificar quaisquer medidas em nível nacional, e defendem o alcance da neutralidade de carbono "até meados do século", formulação mais ampla que a data de 2050 proposta pela Itália.
Esta última referência é "muito significativa, considerando a diversidade dos países participantes do G20", relativizou a presidência francesa.
A China, por exemplo, que emite mais de um quarto dos gases de efeito estufa, quer alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
As 20 nações mais desenvolvidas, incluindo México, Brasil e Argentina, também reafirmam o compromisso, até agora não cumprido, de mobilizar 100 bilhões de dólares para os custos de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.
"Última e melhor oportunidade"
"Chegou a hora de fazer o máximo em Roma para que os membros do G20 contribuam de forma útil em Glasgow", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, ao jornal Le Journal du Dimanche, esclarecendo que, antes de uma COP, "nada está decidido antecipadamente".
A COP, organizada pela ONU, é o encontro anual para debater e definir os compromissos no combate às mudanças climáticas. E o encontro de Glasgow, que vai até 12 de novembro, é ainda mais importante já que não houve reunião em 2020 por conta da pandemia.
A agenda da conferência ministerial tem quatro grandes temas e é tão complexa que as negociações vão começar ainda hoje, sem esperar pelos grandes discursos dos cerca de 130 chefes de Estado e de Governo, marcados para segunda e terça-feira.
"A mudança climática não pode ser negada. E a ação climática não pode ser adiada. Trabalhando com nossos parceiros, devemos enfrentar esta crise global com urgência e ambição", tuitou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
A última coletiva de imprensa do G20, presidida pelo chefe do Governo italiano, está marcada para 16h15 (12h15 de Brasília). Em seguida, a maioria dos líderes presentes em Roma se dirigirá para a cidade escocesa.
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