Joe Biden participou de sua primeira cúpula do G-20 como presidente dos Estados UnidosAFP

Enquanto Joe Biden pretende mostrar na Escócia a liderança mundial dos Estados Unidos na questão climática, seu governo ainda precisa aprovar seus planos de investimentos, e seu partido está em busca de votos para uma eleição estadual que é vista como um termômetro de sua Presidência.

Biden se reuniu nesta segunda-feira, 1º, com líderes mundiais em Glasgow durante a COP26, a conferência do clima da ONU, um dia antes do pleito que elegerá o governador da Virgínia e de possíveis votações no Congresso sobre seus planos de gastos para transformar a economia.

A eleição estadual de amanhã é a primeira batalha eleitoral genuinamente competitiva desde que Biden chegou à Casa Branca em janeiro. O pleito é considerado um indicador de sua popularidade e das perspectivas do Partido Democrata nas eleições legislativas de meio de mandato, que acontecem em 2022.

Terry McAuliffe, um ex-governador democrata da Virgínia que busca recuperar o cargo, perdeu sua vantagem contra o republicano Glenn Youngkin, e as pesquisas mostram um empate na última semana de campanha.

Uma derrota de McAuliffe provavelmente provocaria um rearranjo de posições entre os moderados no Capitólio, preocupados que a expansão do governo proposta por Biden tenha ido longe demais para alguns eleitores.

Nesse sentido, a liderança do Partido Democrata está tentando apressar a votação na Câmara dos Representantes sobre o projeto de lei de infraestrutura bipartidário, avaliado em 1,2 trilhão de dólares, e o plano de gastos sociais de 1,75 trilhão, antes que os resultados da Virgínia comecem a surgir.

Nas últimas eleições presidenciais, Biden ganhou na Virgínia por 10 pontos de vantagem, e os democratas, que também venceram quatro das últimas cinco eleições para governador no estado, esperam que os eleitores tenham se orientado definitivamente para o seu lado do espectro político.

'Isso é um movimento'
Contudo, as últimas pesquisas mostram que a corrida eleitoral na Virgínia está empatada. Alguns observadores sustentam que os democratas caminham rumo à derrota ao ignorar sinais de resistência ao governo, assim como aconteceu quando os republicanos ganharam pela última vez o governo da Virgínia, no primeiro ano de mandato de Barack Obama.

Durante a campanha, Youngkin teve que se equilibrar sobre a corda-bamba, já que apelou ao espírito de Donald Trump para ganhar a indicação republicana, mas depois se distanciou do ex-presidente.
No último fim de semana, o republicano disse reiteradamente que não tinha envolvimento com uma aparição pública virtual de Trump, marcada para a noite desta segunda, e, por outro lado, se dedicou a difundir seus planos para o governo estadual. "Isso não é mais uma campanha, mas um movimento. É a união do povo da Virgínia para reivindicar comunidades mais seguras, escolas melhores e impostos mais baixos", disse o candidato no sábado, 30.

Após meses de escolas fechadas por causa da pandemia, as aulas se transformaram em um campo de batalha eleitoral decisivo, com os republicanos unidos por trás da figura de Youngkin contra a obrigatoriedade do uso de máscaras e de um currículo escolar que muitos deles consideram "doutrinação esquerdista".

McAuliffe, por outro lado, se apresenta como um ex-governador que recuperou postos de trabalho depois da crise financeira mundial de 2008, e se comprometeu a fazer o mesmo após o colapso econômico provocado pela pandemia.

Além disso, o candidato democrata tentou dar uma dimensão nacional à sua campanha, ao manifestar seu desgosto pelo bloqueio legislativo em Washington e ao buscar transformar a campanha em uma espécie de referendo sobre o ex-presidente Trump.

"Olha, se Youngkin vencer, o trumpismo vai ganhar terreno e podemos esperar que diversos 'Youngkins' surjam durante a campanha em todo o país no ano que vem", afirmou McAuliffe em comunicado nesta segunda-feira.