Apoiadores de Trump invadiram Capitólio após confronto com a polícia há um anoAFP
"O presidente Biden tem sido claro sobre a ameaça que o ex-presidente representa para a democracia americana", insistiu. Biden "vê o 6 de janeiro como uma trágica culminação do que quatro anos da presidência de Trump fizeram como este país", afirmou. Ele "denunciará energicamente a mentira propagada pelo ex-presidente", que diz, sem apresentar provas, ter vencido nas urnas.
Até agora o governo, inclusive o próprio Biden, costumava evitar nomear Trump, referindo-se a ele como "o outro cara" ou "o cara de antes". Outro sinal de que o governo está elevando o tom foram as declarações do secretário de Justiça e procurador-geral, Merrick Garland, que afirmou, nesta quarta-feira, que todos os participantes da invasão serão processados "independentemente de seu status".
Mais de 725 partidários de Trump que entraram no Congresso já foram presos, como o famoso manifestante que ficou conhecido como "xamã do Capitólio" e que admitiu ter roubado uma cerveja do gabinete da líder democrata Nancy Pelosi. Outros receberam a visita do FBI em suas casas.
Ao mesmo tempo, uma comissão parlamentar investiga exatamente qual foi o papel de Trump e de seu entorno na invasão, e está convocando para depor pessoas próximas do ex-presidente. Com isso, o cerco vai se fechando.
Trump muda seus planos
Contudo, o irascível magnata não suavizou em nada o seu discurso. Em um comunicado publicado ontem, Trump classificou novamente a eleição presidencial de "fraude", mas sem apresentar provas. "O crime do século", escreveu ele sobre as eleições.
Apesar de Trump ter renunciado ao protagonismo no dia do aniversário da invasão, retomará o tema em um comício programado no Arizona em 15 de janeiro. Essa afirmação é apenas o elemento mais incendiário de um discurso de ataque contra Biden em todos os aspectos, desde a sua política migratória até a forma de lutar contra a pandemia de covid-19, que parece ser uma aposta - ainda não declarada - para recuperar o poder em 2024.
Por sua vez, os republicanos, sobre os quais o ex-presidente continua tendo muita influência, parecem preferir ficar longe dos holofotes.
Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, já adiantou que não estará presente no evento desta quinta-feira em Washington. Ele comparecerá ao funeral de um ex-senador em Atlanta, no sul do país, longe do Capitólio, onde os membros do Senado e da Câmara de Representantes são convidados a fazer um momento de recolhimento às 22h30 GMT (19h30 de Brasília) de quinta-feira.
Muitos congressistas republicanos denunciam a invasão, mas acusam os democratas de utilizar o ocorrido em 6 de janeiro "como arma partidária para dividir o país".
Segundo uma pesquisa publicada nesta quarta no site informativo Axios, apenas 55% dos americanos acreditam que Biden é o vencedor legítimo das últimas eleições.
"O dia 6 de janeiro não foi a ação irracional e espontânea de uma multidão violenta. Foi uma tentativa de reverter violentamente o resultado de uma eleição livre e justa. Não nos deixemos enganar, as razões que provocaram o dia 6 de janeiro ainda existem", afirmou hoje o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer.
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