Presidente ucraniano acusou as forças russas de "minar a rota acordada para levar comida e remédios" para a cidade sitiada de Mariupol, no sul da UcrâniaReprodução/Telegram/Zelensky

Kiev - O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou nesta segunda-feira (7) o exército russo de ter feito fracassar a evacuação de civis através de corredores humanitários, que tinham que ser estabelecidos após as negociações. Além disso, ele disse que continua na capital para resistir as tropas russas.

"Houve um acordo sobre os corredores humanitários. Funcionou? Em seu lugar houve tanques russos, Grads russos [lança-foguetes], minas russas", disse Zelensky em um vídeo publicado na rede social Telegram.

O presidente ucraniano acusou as forças russas de "minar a rota acordada para levar comida e remédios" para a cidade sitiada de Mariupol, no sul da Ucrânia, e "destruir ônibus" que fariam a evacuação de civis das zonas de combate.

"Eles garantem que um pequeno corredor seja aberto para o território ocupado, para algumas dezenas de pessoas. Não tanto para a Rússia, mas para os propagandistas, diretamente para as câmeras de televisão", acrescentou Zelensky, acusando Moscou de "cinismo".

O líder ucraniano indicou, no entanto, que Kiev continuaria negociando com a Rússia para chegar a um acordo de paz. "Fico aqui, fico em Kiev (...) não tenho medo", afirmou Zelensky.

A Rússia anunciou um cessar-fogo local e corredores humanitários para a evacuação de civis em várias cidades sitiadas na Ucrânia na manhã desta segunda-feira. O governo ucraniano, porém, se recusou a evacuar civis porque quatro dos seis corredores propostos tinham como destino o território russo ou de seu aliado Belarus.

Após novas negociações impostas nesta segunda-feira, a Rússia anunciou tréguas locais em várias cidades ucranianas (Sumy, Kharkiv, Chernigov e Mariupol) a partir das 04h desta terça-feira, horário de Brasília, para evacuar civis.

A Rússia disse que as autoridades ucranianas até agora foram "incapazes de garantir o funcionamento dos corredores humanitários", observando que a situação em muitas cidades ucranianas "se deteriorou rapidamente e assumiu o caráter de uma catástrofe humanitária".

De acordo com Moscou, as novas rotas de evacuação serão comunicadas às autoridades ucranianas, que devem dar sua aprovação antes das 21h da noite de segunda-feira, no horário de Brasília, prazo estabelecido pela Rússia.
Trégua
Nesta segunda-feira, a Rússia já havia anunciado tréguas locais em várias cidades ucranianas a partir de terça-feira para permitir a evacuação de civis, após uma nova rodada de negociações para encontrar uma saída para o conflito, que causou a morte de 13 pessoas no bombardeio de um padaria industrial a 50 quilômetros de Kiev.

"A Federação Russa anuncia um cessar-fogo a partir das 10h, horário de Moscou (04h00 de Brasília) de 8 de março" para a evacuação de civis de Kiev, bem como das cidades de Sumy, Kharkiv, Chernigov e Mariupol, informou a célula do Ministério da Defesa russo responsável pelas operações humanitárias na Ucrânia, em comunicado divulgado por agências de notícias russas.

Segundo Moscou, as novas rotas de evacuação serão comunicadas às autoridades ucranianas, que deverão dar seu aval até a meia-noite desta segunda-feira (21h no horário de Brasília), prazo estabelecido pela Rússia.

Em discurso na televisão por ocasião das festividades de 8 de março, Putin também anunciou que não enviará recrutas ou reservistas para lutar na Ucrânia e garantiu que a guerra naquele país estava sendo travada por "profissionais" que cumprem "objetivos estabelecidos".

Horas antes do anúncio russo, a Ucrânia havia destacado alguns "resultados positivos" nas conversas sobre a implementação de corredores humanitários, embora Moscou tenha dito que as "expectativas" não foram atendidas.

Metade dos corredores, porém, segue em direção à Rússia e Belarus, e o governo ucraniano rejeitou a proposta. "Não é uma opção aceitável", disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereschuk.

Mais cedo, o representante russo nas negociações acusou a Ucrânia de impedir a evacuação de civis das zonas de combate e de "usar [civis] direta e indiretamente até mesmo como escudos humanos, o que é claramente um crime de guerra".