Durante a madrugada desta segunda, um edifício de oito andares do bairro de Obolon, na Zona Norte de KievARIS MESSINIS / AFP

A quarta rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia será retomada na terça-feira (15) após uma "pausa técnica" nesta segunda-feira, informou um negociador do governo ucraniano.

"Vamos fazer uma pausa técnica nas negociações até amanhã, para permitir que sigamos trabalhando nos subgrupos de trabalho e esclarecer alguns termos", escreveu no Twitter Mikhailo Podolyak, negociador e conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Nesta segunda, as negociações foram feitas, por videoconferência, enquanto o governo ucraniano confirmou a morte de 17 pessoas em um bombardeio na região separatista pró-russa de Donetsk e duas vítimas civis em ataques contra Kiev.
Nos últimos dias, os combates se tornaram mais violentos nas proximidades da capital ucraniana, quase totalmente cercada.

O Kremlin afirmou que o exército russo não descarta "tomar o controle total das principais cidades que já estão cercadas". Isto implicaria uma ofensiva militar de grande envergadura, diante de uma resistência que se mostra feroz.

Durante a madrugada desta segunda, um edifício de oito andares do bairro de Obolon, na zona norte de Kiev, "foi alvo de um disparo de artilharia", que provocou uma morte e deixou 12 feridos, segundo as equipes de emergência ucranianas. Mais tarde, um bombardeio em outro bairro, perto da fábrica de aviões Antonov, deixou outra vítima fatal.

Na periferia ao noroeste de Kiev, cenário de combates violentos há vários dias, morreu no domingo o documentarista americano Brent Renaud, o primeiro jornalistas estrangeiros falecido no conflito, vítima de tiros de origem ainda desconhecida.

A capital "é uma cidade em estado de sítio", afirmou no domingo um conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Em Donetsk, os separatistas pró-Rússia, apoiados por Moscou e que controlam o centro industrial desde 2014, anunciaram que um bombardeio do exército ucraniano deixou pelo menos 17 mortos no centro da cidade. Eles publicaram fotos que mostram corpos ensanguentados em uma rua repleta de escombros.
Refúgio abalado
Mais a oeste, em outra grande cidade industrial, Dnipro, até agora considerada um refúgio para os civis procedentes de Kharkiv ou Zaporizhzhia, as sirenes de alarme foram ouvidas durante cinco horas, pela primeira vez desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Nenhum projétil caiu na cidade, mas "não há nenhum lugar seguro", declarou à AFP Yilena, de 38 anos, que veio de Zaporizhzhia.

No sul da Ucrânia, a Rússia apertou o cerco, segundo o ministério britânico da Defesa, que tuitou que as forças navais russas estabeleceram um "bloqueio à distancia da costa ucraniana do Mar Negro".

A situação permanece dramática no porto estratégico de Mariupol. Cercado, sem energia elétrica nem alimentos, a cidade aguarda a ajuda humanitária. De acordo com as autoridades municipais, 2.187 habitantes morreram desde 24 de fevereiro.

Quase 160 veículos conseguiram deixar Mariupol, por um corredor humanitário, nesta segunda-feira.

Os combates também chegaram ao oeste do país, que até agora estava relativamente tranquilo, com bombardeios no sábado contra a base militar de Yavoriv, perto da Polônia - país membro da Otan e da União Europeia - e de Lviv, cidade refúgio para milhares de deslocados.

Moscou afirma que dezenas de "mercenários estrangeiros" morreram. As autoridades ucranianas afirmam que todas as vítimas fatais eram civis.

O presidente ucraniano voltou a pedir que a Otan estabeleça uma zona de exclusão aérea em seu território, o que a aliança militar rejeita para não se ver envolvida na guerra.

"Se não fecharem o nosso céu é questão de tempo para que os mísseis russos caiam em seu território, território da Otan, as casas de cidadãos da Otan", declarou o presidente em um vídeo.