Governantes reunidos para reunião da Cúpula do G20HANDOUT / GOVERNMENT OF CANADA / AFP
Ucrânia monopoliza discussões na Cúpula das Finanças do G20
Diante da ameaça de boicote, os especialistas veem poucas possibilidades de que o bloco alcance um consenso nesta reunião sobre desafios globais
Os ministros das Finanças e governadores de bancos centrais dos países mais ricos do mundo se reúnem nesta quarta-feira, 20, para abordar desafios globais, como o aumento da dívida e uma possível crise alimentar, mas as tensões provocadas pela invasão russa da Ucrânia podem paralisar a cúpula.
O ataque de Moscou ao seu vizinho dominará a reunião, a primeira desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão em fevereiro.
Os países ocidentais responderam à ofensiva com sanções destinadas a prejudicar a economia da Rússia e transformar o país em um Estado pária.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, vai boicotar algumas sessões caso haja funcionários russos presentes, segundo um alto funcionário dos Estados Unidos.
Estima-se que funcionários do Ministério das Finanças russo participem da cúpula virtualmente.
Yellen vai enfatizar que "os benefícios e privilégios das principais instituições econômicas do mundo (...) estão reservados aos países que mostram respeito pelos princípios fundamentais que sustentam a paz e a segurança em todo o mundo", afirmou o funcionário, esclarecendo que o grupo não pode permitir que a Rússia interrompa o trabalho do G20.
A França indicou que participaria do boicote. Já Berlim, de acordo com uma fonte do governo alemão, não tem a intenção de participar, embora "transmitirá sem dúvidas mensagens fortes" durante e depois das reuniões.
Diante da ameaça de boicote, os especialistas veem poucas possibilidades de que o bloco alcance um consenso nesta reunião sobre desafios globais, como a mudança climática e o alívio da dívida dos países pobres.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu hoje aos países do G20 para continuar sua cooperação, apesar das tensões.
"Nenhum país pode resolver seus problemas sozinho. É evidente que a cooperação deve e vai continuar", afirmou em coletiva de imprensa.
"Acredito que as expectativas devem ser extremamente baixas", declarou Matthew Goodman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) com sede em Washington, que descarta que os países entrarão em um acordo sobre a crise da Ucrânia.
O G20 é composto por Estados Unidos, União Europeia, China, Reino Unido, França, Itália, Rússia, Japão, Coreia do Sul, Alemanha, Canadá, Brasil, México, Argentina, Índia, Austrália, Arábia Saudita, Indonésia, África do Sul e Turquia.
É presidido atualmente pela Indonésia, que até agora quis se manter "imparcial". Outros países, como México e Brasil, também adotam uma postura neutra.
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