Comboio da ONU para resgatar civis deve chegar hoje a MariupolFADEL SENNA / AFP
A Rússia havia anunciado uma trégua de três dias, a partir de quinta-feira, para permitir a fuga dos civis presos no complexo industrial, embora as tropas ucranianas denunciem que ela não está sendo cumprida.
"Durante o cessar-fogo na área da fábrica de Azovstal, um veículo foi alvejado pelos russos com um míssil guiado antitanque. O carro estava indo em direção aos civis para evacuá-los", denunciou o batalhão ucraniano Azov.
De acordo com os militares ucranianos, "um combatente foi morto e outros seis ficaram feridos".
As autoridades locais afirmam que ainda há cerca de 200 civis presos na rede de corredores subterrâneos da siderúrgica, onde também resistem as últimas unidades de defesa ucranianas.
"A operação está começando. Rezamos por seu sucesso", disse a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, por telefone à AFP esta manhã.
Na quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que "continua disposto" a garantir uma retirada "segura" dos civis, mas exigiu que Kiev ordene aos combatentes que ainda estão na fábrica que "deponham as armas".
As informações a esse respeito que chegam até o momento são contraditórias.
No total, quase 500 civis já foram retirados de Mariupol nos últimos dias, conforme as autoridades ucranianas.
Ofensiva contida
Sua captura total seria uma importante vitória para a Rússia antes de 9 de maio. Nesta data, comemora sua vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, realizando um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou.
Moscou negou, nesta sexta, que tenha preparado um desfile em Maripol, que está completamente destruída por semanas de bombardeios e cerco.
Além disso, em um nível estratégico, esta cidade permitiria a consolidação da conexão entre os territórios ocupados no leste do Donbass com a península anexada da Crimeia, no sul.
As forças ucranianas informaram que as tropas russas praticamente cercaram Severodonetsk, a última posição de Kiev no leste, e estão tentando tomá-la de vários pontos.
Um legislador da Câmara Alta do Parlamento russo visitou Kherson - até agora a única grande cidade da Ucrânia totalmente controlada pelas tropas russas - e disse hoje que a Rússia permanecerá "para sempre" no sul da Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou-se a favor do confisco dos bens russos congelados na União Europeia no âmbito destas sanções, de modo a contribuir para a reconstrução da Ucrânia.
Os líderes das grandes potências do G7 farão uma reunião virtual no domingo (8), dedicada em grande parte à guerra na Ucrânia, anunciou hoje uma porta-voz do chanceler alemão, Olaf Scholz.
Segundo a mesma fonte, o encontro contará com a participação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que lançou uma campanha global de arrecadação de fundos por meio de uma plataforma digital.
"Em um clique, você pode doar fundos para ajudar nossos defensores, salvar nossos civis e reconstruir a Ucrânia", disse ele.
Além disso, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, anunciou a captação de mais de 6 bilhões de euros (US$ 6,3 bilhões) para o país, obtidos em uma conferência de doadores realizada em Varsóvia.
Além da ajuda financeira e militar, os aliados da Ucrânia também adotaram sanções sem precedentes contra a Rússia.
No que seria sua medida mais severa até agora, a Comissão Europeia propôs que todos os 27 Estados-membros da UE proíbam gradualmente as importações de petróleo russo.
O primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orban, opôs-se firmemente a este embargo e acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de "atacar" a unidade do bloco.
A Hungria é totalmente dependente do petróleo russo, e um embargo seria equivalente a "uma bomba nuclear em sua economia", alegou Orban.
A guerra também esteve presente no Conselho de Segurança da ONU, onde vários países e o secretário-geral desta organização, António Guterres, pediram o fim da violência, embora sem referência às negociações de paz atualmente paralisadas.
"A invasão da Ucrânia pela Rússia é uma violação de sua integridade territorial e da Carta das Nações Unidas", frisou Guterres.
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