Secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg (esq.) e o presidente da Finlândia Sauli Niinisto em coletiva de imprensa em outubro de 2021Vesa Moilanen / Lehtikuva / AFP
Finlândia decide solicitar adesão à Otan
Menos de três meses depois do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o anúncio estabelece uma mudança contundente na política de não alinhamento da Finlândia
O governo da Finlândia anunciou neste domingo (15) a intenção de entrar para a Otan, enquanto na Suécia o partido governante celebra uma reunião decisiva sobre um possível pedido de adesão conjunto à Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Menos de três meses depois do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o anúncio estabelece uma mudança contundente na política de não alinhamento da Finlândia, que tem mais de 75 anos.
A Suécia, por sua vez, pode encerrar uma postura que começou no século XIX.
O chefe de Estado e um Comitê de Política Externa "decidiram em conjunto que a Finlândia vai pedir a adesão à Otan", anunciou o presidente, Sauli Niinistö, em uma entrevista coletiva conjunta com a primeira-ministra, Sanna Marin.
"É um dia histórico. Começa uma nova era", declarou o presidente da Finlândia.
O Parlamento da Finlândia deve examinar na segunda-feira o projeto de adesão, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoia a iniciativa.
Apesar de algumas objeções expressadas pela Turquia, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se declarou confiante em alcançar um acordo com Ancara para a entrada de Finlândia e Suécia na aliança.
Depois de romper a neutralidade política nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, quando se tornaram membros da União Europeia, os dois países nórdicos se aproximam ainda mais do bloco ocidental após uma mudança na opinião provocada pela guerra na Ucrânia.
A Finlândia, com 1.300 quilômetros de fronteira com a Rússia, foi a primeira a tomar a iniciativa. A Suécia acompanha o movimento, com receio de virar o único país do Mar Báltico (com exceção da Rússia) fora da aliança liderada pelos Estados Unidos.
No sábado, o presidente finlandês ligou para o colega russo, Vladimir Putin, para informar a decisão.
"Evitar as tensões foi considerado algo importante", afirmou Niinistö, que nos últimos anos teve um contato frequente com presidente russo.
Putin respondeu que o "fim da política tradicional de neutralidade militar seria um erro, pois não há nenhuma ameaça para a segurança da Finlândia", segundo o Kremlin.
De acordo com as pesquisas recentes, mais de 75% dos finlandeses desejam a adesão à Otan, índice três vezes superior ao registrado antes da guerra na Ucrânia.
Na Suécia, o apoio subiu para quase 50%, contra 20% de pessoas contrárias.
O Partido Social-Democrata da primeira-ministra Magdalena Andersson se reúne ainda neste domingo para decidir se formação abandona sua histórica postura contrária à adesão.
Dentro do partido, algumas vozes criticam uma decisão precipitada.
Analistas, no entanto, consideram improvável que o partido seja contrário à adesão.
Um obstáculo imprevisto apareceu no caminho dos dois países, o que demonstra as dificuldades de um processo de vários meses que precisa do apoio unânime dos 30 membros da Aliança.
A Turquia expressou oposição à entrada dos dois países escandinavos, que acusa de negligência em relação aos membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está em guerra contra Ancara e aparece na lista de organizações de terroristas da União Europeia.
O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, se declarou disposto a discutir com os dois países e com os demais membros da aliança.
O chanceler finlandês, Pekka Haavisto, se mostrou confiante em alcançar um acordo com a Turquia.
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