Joe Biden em conferência com a Samsung, na Coreia do SulKIM MIN-HEE / POOL / AFP

Joe Biden desembarcou nesta sexta-feira (20) na Coreia do Sul em sua primeira viagem à Asia como presidente dos Estados Unidos, uma visita na qual pretende reforçar os vínculos na área de segurança com os aliados regionais, em um contexto de preocupação com um possível teste nuclear da Coreia do Norte.

O democrata de 79 anos, para quem o confronto com a China é a principal preocupação geopolítica dos próximos anos, continuará a viagem no domingo com uma visita ao Japão.

Depois de aterrissar na base aérea de Osan, Biden seguiu para uma fábrica de semicondutores do conglomerado sul-coreano Samsung em Pyeongtaek, onde foi recebido pelo novo presidente do país, Yoon Suk-yeol, um político que tem uma postura pró-EUA.

O governo dos Estados Unidos considera que há uma "real possibilidade" de que a Coreia do Norte anuncie "um novo lançamento de míssil ou um teste nuclear" durante a viagem, informou aos jornalistas o conselheiro para a Segurança Nacional americana, Jake Sullivan, a bordo do avião Air Force One.

Na fábrica da Samsung, empresa que tem quase 20.000 funcionários nos Estados Unidos e constrói atualmente uma unidade de semicondutores no Texas, Biden destacou que os chips são uma "maravilha da inovação", crucial para a economia mundial.

Os pequenos artefatos "possibilitam nossas vidas modernas" e são a "chave que nos impulsiona a uma nova era de desenvolvimento tecnológico da humanidade", acrescentou.

A Coreia do Sul é um grande produtor de semicondutores e fabrica quase 70% dos chips utilizados no mundo, recordou Yoon em seu discurso.

Além das conversas com os governantes da Coreia do Sul e do Japão, Biden participará em Tóquio em uma reunião de cúpula do grupo Quad, que inclui a Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.

Os Estados Unidos querem "afirmar a imagem do que poderia ser o mundo se as democracias e as sociedades abertas se unissem para ditar as regras do jogo" ao redor da "liderança" americana, declarou Sullivan.

"Acreditamos que a mensagem será ouvida em Pequim. Mas não é uma mensagem negativa e não está direcionada contra nenhum país", disse.

China e Taiwan, no entanto, estão nas mentes de todos.

No início deste mês, o diretor da CIA, William Burns, disse que Pequim estava observando "com atenção" a invasão russa da Ucrânia para aprender as lições dos "custos e consequências" de uma tomada de controle pela força de Taiwan.

Durante a primeira etapa da viagem, Biden visitará as tropas americanas e sul-coreanas, mas não fará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.

Ameaça de teste nuclear
O governo Biden declarou várias vezes, em vão, que estava disposto a dialogar com a Coreia do Norte, apesar de o país ter realizado vários testes de mísseis desde o início do ano.

Seul e Washington esperam que Pyongyang retome os testes nucleares de maneira iminente, depois de executar seis testes entre 2006 e 2017.

De acordo com o serviço de inteligência americano, existe uma "possibilidade real" de que a Coreia do Norte tente organizar uma "provocação" após a chegada de Biden a Seul.

Isto poderia significar "novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um teste nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região", afirmou Sullivan.

Ele negou que um evento do tipo seria visto como um revés diplomático para o presidente. "Isto ressaltaria uma das principais mensagens que enviamos durante a viagem, a de que os Estados Unidos estão presentes para seus aliados e sócios".