O exército russo tenta controlar a cidade de Severodonetsk, que tinha cerca de 100.000 habitantes antes da guerraAFP
"(O presidente russo Vladimir) Putin não deve vencer sua guerra. E estou convencido: ele não a vencerá", declarou o chefe de governo alemão em um discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Horas antes, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, descreveram a superioridade das forças russas no Donbass, no leste do país, onde a ofensiva russa está agora concentrada, e pediram mais apoio militar aos países ocidentais.
"O inimigo é claramente superior em termos de equipamento e número de soldados" no Donbass, disse Zelensky. "Precisamos da ajuda de nossos parceiros e especialmente de armas", acrescentou.
A Alemanha é um país conhecido por sua cautela em entregar armas pesadas a Kiev, como tanques.
"Apreciamos todos os esforços do governo alemão para encontrar armamento pesado" para permitir que a Ucrânia se defenda, "mas não entendo por que é tão complicado", disse Kuleba.
Em seu discurso, Scholz não fez referência direta a essas críticas.
De acordo com o chanceler, Putin, que lançou sua invasão da Ucrânia há três meses, "não alcançou seus objetivos estratégicos" e "uma invasão de toda a Ucrânia" parece "mais distante hoje do que no início da ofensiva".
Isso se explica pela resistência "impressionante" das forças ucranianas e pela reação dos aliados ocidentais, que vão desde sanções contra Moscou até apoio militar a Kiev.
Mas "não fazemos nada que possa levar a Otan à guerra. Isso significaria um confronto direto entre as potências nucleares", disse Scholz.
"Trata-se de fazer Putin entender que ele não será capaz de ditar a paz. A Ucrânia não a aceitará e nós também não", concluiu.
Os combates estão atualmente concentrados no leste do país, onde atingiu a sua "intensidade máxima", segundo a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Malyar, que alertou para uma fase "extremamente difícil" e "longa" do confronto.
O exército russo tenta controlar a cidade de Severodonetsk, que tinha cerca de 100.000 habitantes antes da guerra.
A cidade é fundamental para o controle total sobre o Donbass, uma zona de mineração parcialmente ocupada desde 2014 por separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou.
De acordo com Kuleba, "algumas cidades e vilarejos não existem mais" na região, que está sob forte bombardeio há dias.
"Foram reduzidos a ruínas pela artilharia russa, pelos sistemas russos de foguetes de lançamento múltiplo", disse o ministro, acrescentando que esses são precisamente o tipo de armas que seu país precisa agora.
Segundo Sergei Gaidai, governador da região, "a situação na cidade é muito difícil" e "a próxima semana será decisiva".
O governador informou que cerca de 15.000 pessoas permanecem em Severodonetsk e cidades vizinhas, e a maioria não quer sair apesar dos bombardeios incessantes.
Na cidade de Lysychansk, a polícia assumiu o controle dos serviços funerários para enterrar os mortos, disse Gaidai.
Pelo menos 150 pessoas tiveram que ser enterradas em uma vala comum, acrescentou.
Segundo a presidência ucraniana, nas últimas 24 horas, pelo menos três pessoas morreram nesta cidade da região de Luhansk e quatro outros civis em Donetsk.
Em Kharkiv, no nordeste, duas pessoas foram mortas em um bombardeio, e no sul, perto de Mikolayv, mais dois civis morreram nos combates.
Rússia acusa o Ocidente
Diante da preocupação com a atual incapacidade da Ucrânia de exportar grãos devido ao bloqueio russo de seus portos, o ministro ucraniano relatou conversas entre Kiev e a ONU sobre a possibilidade de passagem segura do porto de Odessa.
Nesta quinta-feira, as autoridades russas negaram que estão bloqueando os portos para a exportação de cereais e acusaram os países ocidentais de "terem tomado uma série de medidas ilegais" que provocaram esta situação.
Os países ocidentais "devem anular essas decisões ilegais que dificultam o afretamento de navios e as exportações de grãos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, referindo-se às sanções contra Moscou.
A Ucrânia é um grande exportador de trigo e milho, mas sua produção e vendas estão bloqueadas desde o início da ofensiva.
Nesta quinta-feira, o Banco Central da Rússia baixou sua principal taxa de juros de 14 para 11% para neutralizar o fortalecimento do rublo.
As autoridades financeiras comemoraram porque "se manteve a estabilidade e se evitou uma espiral de inflação" apesar das sanções internacionais.
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