Israel diz que bombardeios na Faixa de Gaza podem durar uma semanaMOHAMMED ABED / AFP
O exército "se prepara atualmente para uma operação de uma semana", afirmou um porta-voz militar. "Atualmente não há negociações para um cessar-fogo", acrescentou. Israel bombardeia o território palestino desde sexta-feira em um ataque "preventivo" por possíveis represálias pela detenção de um líder da Jihad Islâmica na Cisjordânia.
O país alega que os ataques são direcionados contra locais de fabricação de armas do grupo alinhado com o movimento Hamas - que governa Gaza desde 2007 -, mas que geralmente atua de forma independente. Os ataques mataram na sexta-feira Tayseer al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes da organização que está na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia.
As autoridades de Gaza anunciaram um balanço de 24 mortos nos bombardeios, incluindo 'Abu Mahmud' e seis crianças, além de mais de 120 feridos. O Ministério da Saúde de Gaza atribuiu as 24 mortes à "agressão israelense", bem como os 203 feridos desde o início da operação na sexta-feira. Os balanços anteriores citavam 15 óbitos. Em represália, o braço armado da Jihad Islâmica lançou mais de 100 foguetes contra Israel e afirmou que era uma "resposta inicial".
Israel nega a realização de um novo ataque no qual menores foram mortos. O país culpou pela morte das crianças em Jabalia (no norte da Faixa de Gaza) um disparo fracassado de foguete lançado pela organização Jihad Islâmica contra o território israelense.
"As forças de segurança israelenses não realizaram nenhum bombardeio em Jabalia nas últimas horas. Está irrefutavelmente provado que este incidente é o resultado de um disparo de foguete fracassado lançado pela Jihad Islâmica", disse o governo israelense em um comunicado.
O sábado foi marcado por novos bombardeios e disparos de foguetes, que até o momento não deixaram vítimas do lado israelense. Os civis de Israel procuraram abrigos antiaéreos, enquanto as sirenes alertavam para disparos de foguetes na região de Tel Aviv no sábado à noite.
Em Gaza, a única central de energia elétrica foi obrigada a fechar por falta de combustível, devido ao bloqueio das entradas do território por parte de Israel desde terça-feira.
Horas 'difíceis'
As forças israelenses também prenderam 19 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967. O líder da Jihad Islâmica em Gaza, Mohamed Al Hindi, afirmou que "a batalha apenas começou".
A ofensiva gerou temores de uma escalada. Mas Jamal al Fadi, professor de Ciências Políticas na Universidade Al Azhar de Gaza, acredita que a violência terminará "em alguns dias". "A Jihad Islâmica está reagindo de forma limitada e com isto impede que a ocupação (israelense) intensifique os ataques aéreos", declarou à AFP. Os próximos passos do Hamas podem ser determinantes.
Mairav Zonszein, analista do International Crisis Group, afirmou que atualmente o Hamas tem o interesse de permanecer à margem, pois recentemente obteve mais ajuda econômica para os habitantes de Gaza. "Porém, caso mais civis morram, o grupo se sentirá obrigado a responder", disse à AFP.
Escassez de material médico
Este é o confronto mais grave entre Israel e as organizações armadas em Gaza desde a guerra de 11 dias de maio de 2021, que deixou 260 mortos no lado palestino, incluindo combatentes, e 14 mortos em Israel, incluindo um soldado.
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