Washington - Ao tornar público, nesta sexta-feira, 12, o mandado de busca e apreensão que motivou a operação do FBI na mansão de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, a Justiça dos Estados Unidos confirmou as suspeitas antecipadas pela imprensa americana de que o ex-presidente subtraiu arquivos considerados confidenciais e ultrassecretos do governo ao deixar a Casa Branca.
De acordo com o inventário anexado ao mandado judicial, os agentes do FBI, a polícia federal americana, apreenderam 20 caixas de documentos confidenciais, sendo que quatro eram classifciados como ultrassecretos, e três, secretos. Trump está sob investigação por violar a Lei de Espionagem. O 45º eleito nos Estados Unidos ainda pode ser enquadrado nos crime de obstrução de Justiça e de ocultação, remoção e danificação de documentos federais.
Na quinta-feira, 11, o procurador-geral de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, admitiu ter aprovado pessoalmente as buscas na mansão de Trump. Após as acusações de perseguição política por parte do ex-presidente, de membros do partido republicano e de apoiadores, o magistrado sugeriu a suspensão do sigilo à defesa do magnata, que sonha com eleição presidencial de 2024, a revelar a motivação da operação sem precedentes no país.
A denúncia de violação da Lei de Espionagem, uma lei federal que proíbe a posse ou transmissão de informações de defesa nacional, pode dificultar os planos de Trump, que alvo de outra investigação devido ao papel que desempenhou na invasão do Capitólio, em janeiro de 2021.
Na operação deflagrada no domingo, 9, agentes do FBI confiscaram mais de 30 itens, incluindo mais de 20 caixas, pastas de fotos, uma nota manuscrita e a concessão executiva de clemência ao aliado Roger Stone, amigo pessoal do ex-presidente. Também chamou a atenção documentos com informações sobre o presidente da França, Emmanuel Macron.
Outro fato que teria intrigado os agentes do FBI durante a varredura na mansão de Trump foi a quantidade de documentos confidenciais, que, de acordo com a lei americana, só poderiam ser acessados em instalações governamentais seguras, atendendo as normas do Programa de Acesso Especial (SAP, na sigla em inglês). Classificados como "ultrassecreto/sensível", tais arquivos são restritos para consulta e avaliação de altos funcionários do governo, como os secretários de Estado e de Defesa e o diretor da CIA, além do próprio presidente americano e seus principais funcionários de segurança nacional.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.