Amigo pessoal e funcionário de Trump por décadas, Allen Weisselberg inicialmente havia se negado a testemunhar contra a ex-empresaAFP

Nova York - Allen Weisselberg, ex-diretor financeiro da Organização Trump e próximo a Donald Trump, se declarou culpado de sonegação fiscal nesta quinta-feira, 18. De acordo a promotoria de Manhattan, ele terá que testemunhar no julgamento contra a empresa.
Weisselberg se declarou culpado de 15 acusações de fraude e sonegação de impostos no valor de US$ 1,76 milhão (cerca de R$ 9,1 milhões) em renda não declarada entre 2005 e 2021, segundo o comunicado.
O discreto executivo, de 75 anos, que trabalha para os Trump desde 1973, é acusado pela justiça de ter aproveitado benefícios em espécie, em particular de um apartamento em um bairro de luxo de Manhattan, o aluguel de dois carros Mercedes Benz, e de ter recebido dinheiro vivo para suas férias, ocultando tudo do fisco.
"Hoje, Allen Weisselberg admitiu na corte que usou sua posição na Organização Trump para fraudar os contribuintes e enriquecer pessoalmente", declarou na nota o promotor do distrito de Manhattan, Alvin Bragg.
"O acordo alcançado com o tribunal vincula diretamente a Organização Trump a uma ampla gama de atividades delituosas e requer que Weisselberg dê um testemunho inestimável no próximo julgamento contra a empresa", acrescentou.
Em julho de 2021, o ex-executivo da Organização Trump havia declarado inocência, arriscando-se a uma pena de até 15 anos de prisão. Segundo o acordo, ele agora poderá passar apenas cinco meses na prisão e terá que pagar US$ 2 milhões (cerca de R$ 10,353 milhões) em impostos, multas e juros incluídos, segundo o comunicado à imprensa.
Weisselberg tinha se negado até agora a testemunhar pessoalmente conta Donald Trump. O julgamento penal contra a Organização Trump será iniciado em 24 de outubro. Outra investigação cível sobre as mesmas suspeitas de fraude financeira e fiscal é conduzida pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James.
Foi neste contexto que Trump teve que depor sob juramento na semana passada. No entanto, ele se negou a responder às perguntas amparado na 5ª Emenda da Constituição americana, que permite não testemunhar contra si próprio. Em outro caso, a residência de Donald Trump na Flórida foi revistada na semana passada pelo FBI, a Polícia Federal americana.
Os investigadores suspeitam que o ex-presidente republicano tenha violado uma lei de espionagem americana que regula muito estritamente a posse de documentos confidenciais relacionados à segurança nacional, alguns dos quais só devem ser consultados e vistos em edifícios seguros, segundo documentos judiciais.
Um comitê parlamentar também busca lançar luz sobre o papel que o magnata desempenhou na invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.