Donald Trump é apontado como o 'regente' do orquestrado ataque ao Capitólio em janeiro de 2021AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com uma ação nesta segunda-feira, 22, contra a operação de busca e apreensão realizada pelo FBI em sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida. O magnata exige que um tribunal indique uma parte independente para examinar os arquivos que foram apreendidos pelo FBI.

Trump afirmou ser alvo de uma investigação por motivos políticos e exigiu que um "especialista" fosse nomeado para revisar as mais de duas dúzias de caixas de arquivos apreendidas na operação sem precedentes no dia 8 deste mês.

O especialista — que não atuaria sob a direção do Departamento de Justiça, que ordenou a operação — avaliaria os documentos e determinar quais deles poderiam ser retidos por Trump como "privilegiados" ou protegidos de uso em investigações.

"A invasão, busca e apreensão em Mar-a-Lago foi ilegal e inconstitucional, e estamos tomando as medidas necessárias para recuperar esses documentos", disse Trump em comunicado. "Eles apreenderam documentos protegidos pelo privilégio advogado-cliente e pelo privilégio executivo", acrescentou.

O mandado do FBI dizia que Trump era suspeito de pegar ilegalmente documentos altamente confidenciais e gravações oficiais da Casa Branca que ele não tinha o direito de ter e se recusou a devolver.

Além da possível violação de leis de registros altamente confidenciais, o Departamento disse que esses materiais também são essenciais para outras investigações federais em andamento não especificadas.
Os procedimentos que podem implicar o ex-presidente incluem a ampla investigação sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por apoiadores de Trump e outra investigação sobre os esforços de seus apoiadores para manipular os resultados das eleições presidenciais de 2020.

A nomeação de um especialista poderia impedir os investigadores de acessar os documentos, especialmente se a tese de Trump de que a maioria eram documentos privilegiados for aceita. Além disso, poderia interferir se o Departamento de Justiça considerar acusar Trump de obstruir as investigações, recusando-se a divulgar esses documentos.

A queixa foi apresentada não em um tribunal federal em Fort Lauderdale, Flórida, onde a ordem original foi emitida, mas em uma corte mais distante em Fort Pierce, onde o único juiz foi nomeado por Trump.

O magnata "é o claro favorito nas primárias republicanas e nas eleições gerais de 2024, caso decida concorrer", acrescenta o processo, sugerindo que a operação do FBI foi motivada politicamente.