Governo colombiano promete não repetir atos dolorosos e violentos da gestão de Iván DuqueAFP

Bogotá - O governo da Colômbia anunciou nesta quinta-feira, 25, que suspenderá os bombardeios militares em acampamentos de guerrilheiros que podem ter recrutado menores à força. Primeiro presidente de esquerda do país, Gustavo Petro, estabeleceu uma nova diretriz para as Forças Armadas na defesa dos direitos humanos e da paz, após décadas de conflito com diversos grupos armados.
"Os menores recrutados à força por grupos ilegais são vítimas desta violência. Portanto, qualquer ação militar contra organizações armadas ilegais não pode pôr em risco a vida dessas vítimas", disse em conferência de imprensa o ministro da Defesa, Iván Velásquez.
"Deve-se privilegiar a vida sobre a morte e não podem ocorrer operações (...) que ponham em perigo a população civil", acrescentou.
Velásquez prometeu não repetir "atos muito dolorosos do passado", referindo-se às denúncias da sociedade civil e da oposição sobre as mortes de menores em atentados durante o governo do direitista Iván Duque (2018 -2022).
Em novembro de 2019, o então ministro da Defesa, Guillermo Botero, renunciou após uma ação militar na qual morreram oito menores de 12 a 17 anos recrutados à força por dissidentes das Farc que não aceitaram o acordo.
As vítimas, que estavam em um acampamento no sul do país, foram apresentadas pelo exército como "criminosos".
No final de 2021, o senador de esquerda Iván Cepeda denunciou a morte de quatro menores em um atentado que resultou na morte de um comandante guerrilheiro do ELN na selva do Pacífico.
"Estas ações nesta direção devem terminar (...) os bombardeios devem ser suspensos", concluiu o ministro Velásquez, encarregado de implementar o que chama de uma "relação de confiança" entre os militares e a população.
O novo comandante das Forças Militares, general Hélder Giraldo, condicionou os futuros bombardeios a uma "alta avaliação" da inteligência na qual passará a "se revisar" a presença de menores antes de aprovar uma ação deste tipo.
Em mais de meio século de insurreição armada, os guerrilheiros de esquerda recrutaram jovens e crianças para expandir sua força em áreas com pouca presença do Estado.