Secretário-geral da ONU, António GuterresReprodução

Paquistão - O secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou nesta sexta-feira, 9, uma visita de dois dias ao Paquistão, em que as autoridades pediram ajuda para milhões de pessoas afetadas por inundações catastróficas. Um terço do país, o equivalente ao tamanho do território do Reino Unido, está inundado após uma intensa temporada de chuvas de monções que deixaram mais de 1.400 mortos e muitos danos materiais.
Em uma mensagem no Twitter antes de desembarcar no Paquistão, Guterres disse que desejava "estar com as pessoas neste momento de necessidade, estimular a ajuda internacional e levar a atenção global para as consequências desastrosas da mudança climática".

O governo do Paquistão elaborou um plano de ajuda e a ONU pediu no fim de agosto um financiamento internacional imediato de 160 milhões de dólares.
As autoridades do país indicaram que os reparos e a reconstrução das infraestruturas danificadas custarão pelo menos 10 bilhões de dólares, uma quantia impossível para a economia endividada do país, mas enfatizaram que a prioridade é fornecer comida e abrigo para milhões de pessoas que perderam suas casas.
A temporada de monções, que vai de junho a setembro, provoca fortes chuvas no sul da Ásia, mas há várias décadas o Paquistão não registrava tempestades tão intensas, atribuídas à mudança climática.

Este ano, o país já enfrentou uma onda de calor que, em alguns casos, superou os 50 ºC, além de grandes incêndios florestais e inundações devastadoras causadas pelo rápido derretimento das geleiras.

O Paquistão é responsável por menos de 1% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, mas ocupa o oitavo lugar entre os países mais ameaçados pelos fenômenos meteorológicos extremos, segundo um estudo da ONG Germanwatch.

A agência meteorológica nacional afirmou que a temporada de monção deste ano provocou uma média de chuvas cinco vezes acima do normal. Nas províncias do sul (Baluchistão e Sindh), as chuvas foram mais de quatro vezes superiores à média dos últimos 30 anos.

O mau tempo provocou inundações repentinas nos rios das montanhas do norte, destruindo estradas, pontes e edifícios em minutos, e um lento acúmulo de água nas planícies do sul. Centenas de acampamentos improvisados surgiram nos poucos espaços secos no sul e oeste do país.

Segundo os últimos dados da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres (NDMA), as inundações causaram a morte de quase 1.400 pessoas desde junho. Cerca de 7.000 quilômetros de estradas, 246 pontes e 1,7 milhão de casas e empresas foram destruídas ou gravemente danificadas.