Com a segurança reforçada, Zelensky visita a cidade de Izium, cenário de combates sangrentos nos últimos mesesAFP

Izium - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, prometeu nesta quarta-feira, 14, a vitória do país durante uma visita à cidade estratégica de Izium, na região de Kharkiv. Foi a primeira viagem do chefe do Executivo aos territórios reconquistados na contraofensiva deste mês contra as tropas russas.
Izium, uma cidade de cerca de 50 mil habitantes antes da guerra, foi cenário de combates sangrentos antes de ser tomada pelos russos, que fizeram dela um ponto estratégico para reabastecer suas tropas. Sua reconquista pelo exército ucraniano representa um revés para as forças armadas de Moscou, agora retirado para Donetsk, uma área sob o controle do Kremlin desde 2014.
"Só avançaremos em uma direção: em frente, em direção à vitória", escreveu Zelensky no Telegram.
Em um vídeo, ele comparou a destruição em Izium com a de Bucha, uma cidade perto de Kiev da qual as forças russas se retiraram na primavera, deixando para trás os corpos de civis assassinados a sangue frio, embora Moscou negue a responsabilidade por essas execuções.
"É a mesma coisa: casas destruídas, pessoas assassinadas. Isso faz parte da nossa história, parte da nação russa moderna", disse ele.
A Ucrânia garante que recuperou o controle de milhares de quilômetros quadrados no leste e no sul, áreas que os russos ocuparam desde a invasão lançada em 24 de fevereiro, em duas semanas.
O exército russo, cujos bombardeios causaram grandes cortes de energia em várias regiões da Ucrânia nos últimos dias, disse nesta quarta-feira que atacava as forças ucranianas em todo o país, particularmente na região de Kharkiv.
"Ataques em massa foram realizados nas regiões de Dvorichna, Balakliya e Kupiansk contra as forças vivas e equipamentos das 14ª e 93ª brigadas motorizadas das forças armadas ucranianas", informou o ministério da Defesa russo em comunicado.
Outras cidades e regiões também foram atingidas: em Mykolaiv (sul), pessoas foram mortas no bombardeio de dois prédios, segundo as autoridades locais. Em Bakhmut, cidade da região de Donetsk que Moscou tenta conquistar há meses, cinco civis foram mortos na terça-feira, de acordo com o governador local.
A Rússia justifica sua invasão com a ideia de que o poder ucraniano reprime a população russófona do país e que a Otan usa a Ucrânia para ameaçar Moscou. Em sua operação de reconquista relâmpago, a Ucrânia recuperou quase a totalidade da região de Kharkiv, que faz fronteira com a Rússia, em particular as cidades de Balaklia, Kupiansk e Izium.
As duas últimas eram centros logísticos fundamentais para as forças russas, que desde então se retiraram, segundo Moscou, para a província de Donetsk, uma das duas regiões separatistas do Donbass lideradas pela Rússia em território ucraniano.
Fortalecida pelo envio de armas ocidentais, a Ucrânia realiza uma contraofensiva paralela no sul do país, na região ocupada de Kherson, onde já reivindica progressos, embora ainda menos do que no nordeste do país.
Nas últimas semanas, o exército ucraniano atingiu pontes estratégicas para dificultar o reabastecimento das forças russas. Nesta quarta-feira, a guarda nacional russa, destacada nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia, disse às agências russas que "prendeu mais de 130 pessoas" que trabalhavam com os serviços especiais e o exército ucraniano.
O Ocidente, por sua vez, adotou fortes sanções contra Moscou e aumentou as entregas de armas aos ucranianos. Os líderes dos países da UE e da Otan viajam regularmente para Kiev para mostrar seu apoio a Zelensky.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou ao Parlamento Europeu em Estrasburgo que visitará a cidade nesta quarta-feira, prometendo "solidariedade inabalável" com a Ucrânia e firmeza contra Moscou.
"Esta é a hora de mostrar determinação, não apaziguamento", disse antes de cumprimentar a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, que foi aplaudida de pé pelo Parlamento Europeu, e sua "tremenda coragem para resistir à crueldade (de Vladimir Putin)".
Por sua vez, o chanceler alemão, Olaf Scholz, falou com o presidente russo na terça-feira e pediu "uma retirada completa" da Ucrânia.