Giorgia Meloni é fundadora do 'Irmãos da Itália'AFP

A líder do partido pós-fascista Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, antieuropeia e nacionalista, está prestes a se tornar primeira-ministra, após as eleições de domingo, 25, lideradas por seu partido. Com a vitória, Meloni, poderá se tornar a primeira mulher a chefiar o governo da Itália e a primeira política da ultradireita no poder desde o ditador Benito Mussolini, no posto entre 1922 e 1943.
Admiradora de Benito Mussolini na juventude, Giorgia, 45 anos, conhecida por sua linguagem direta desde seus anos como líder estudantil em Roma, poderia se tornar também a primeira mulher a chefiar o governo.
Militante na direita pós-fascista desde os 15 anos, é membro da Câmara de Deputados desde 2006 e não tem papas na língua para criticar o governo em fim de mandato,liderado pelo prestigioso economista Mario Draghi. 
Sua rápida ascensão se deve em boa parte ao fato de ter sido a única que se opôs por 18 meses ao governo de Draghi, acolhendo a insatisfação dos italianos em relação à inflação, à guerra e às restrições pela pandemia. Um salto assombroso já que nas legislativas de 2013 não chegou a obter 2% dos votos.
Em dez anos, ela captou as esperanças frustradas dos italianos contra as "ordens" da União Europeia além dos sentimentos que moveram os protestos contra o alto custo de vida e o futuro comprometido dos jovens.
A representante do pós-fascismo, que não teme defender uma direita rígida, com uma bagagem ideológica conservadora e católico, nacionalista e centrista, se apresenta com uma lema: "Deus, pátria e família".
Suas prioridades são fechar as fronteiras para proteger a Itália da "islamização" e renegociar os tratados europeus para que a Roma recupere o controle de seu próprio destino.
Outra prioridade é lutar contra os movimentos gay e o "inverno demográfico" (queda da natalidade) em um dos países com mais idosos no mundo.
O Liga, de Matteo Salvini, e a direita moderada do Força Itália, de Silvio Berlusconi, aliaram-se ao Irmãos da Itália para conquistar uma vitória histórica neste domingo, 25. 
A líder do partido herdeiro do Movimento 5 Estrelas (MSI), formação neofascista fundada depois da Segunda Guerra Mundial pelos simpatizantes de Mussolini, esclareceu em agosto sua controvertida relação com o fascismo.
"A direita italiana relegou o fascismo à um capítulo antigo da história, condenando sem ambiguidades a privação da democracia e as infames leis que perseguiam judeus", disse Meloni em um vídeo divulgado em agosto em diferentes idiomas aos meios de comunicação estrangeiros.
No entanto, o Irmãos da Itália exibe em sua bandeira um nó verde, vermelho e branco, um símbolo criado em 1946 pelo grupo de veteranos fascistas que fundaram o MSI.
Vários meios voltaram a transmitir um vídeo no qual a política, aos 19 anos, declara sua admiração por Mussolini: "Para mim foi um bom político. Todo o que fez, fez pela Itália", justificou.
Giorgia Meloni
Nascida em Roma, em 15 de janeiro de 1977, Giorgia começou a militar no ensino médio em associações estudantis de extrema direita, "minha segunda família", confessou, enquanto trabalhava como babá e camareira.
Em 1996, se tornou líder do sindicato Azione Studentesca, cujo emblema era a Cruz Celta. Em 2006 obteve a licença de jornalista. No mesmo ano, foi eleita deputada e vice-presidente da Câmara de Representantes. Dois anos mais tarde, foi nomeada ministra da Juventude no governo de Silvio Berlusconi.
Sua juventude, sua tenacidade e sua forte personalidade conquistaram as redes. Em um famoso discurso em 2019, ela se auto descreveu assim: "Sou Giorgia. Sou mulher, sou mãe, sou italiana, sou cristã".
Discreta em sua vida privada, é mãe de uma menina que nasceu em 2006. Ela vive, mas não é casada oficialmente, com o pai de sua filha, um jornalista de televisão.