Foto divulgada pelo Ministério Público peruano mostrando promotores públicos e policiais realizando uma operaçãoAFP PHOTO/PERUVIAN PROSECUTOR'S OFFICE

O Ministério Público (MP) do Peru fez uma operação nesta terça-feira na casa da irmã do presidente Pedro Castillo, em busca de seu sobrinho, Gianmarco Castillo Gómez, acusado de pertencer a um grupo criminoso liderado pelo presidente. Imóveis de outros 12 investigados pela mesma causa foram revistados na operação.
"O Ministério Público garante a todo o momento os direitos e a integridade física das pessoas que se encontram nos domicílios revistados hoje com a autorização do Poder Judiciário", anunciou o MP no Twitter.
O presidente peruano criticou a operação na casa de sua irmã, em Lima, e alegou que sua mãe, Mávila Díaz Terrones, 77, recupera-se no imóvel de uma cirurgia. Ele também acusou o MP de ter prejudicado a saúde da idosa, que precisou ser levada de ambulância para um hospital, segundo a imprensa.
Operação questionada 
"A operação foi ilegal. As provas obtidas não têm relação com o fato investigado", declarou o advogado Eduardo Pachas, defensor de Castillo. "A saúde da senhora mãe do presidente não foi respeitada. Ela estava assustada, achava que seria presa", manifestou, após deixar a casa da irmã do presidente.
A operação foi realizada simultaneamente em várias cidades do Peru e começou de madrugada, com a participação de 200 policiais e 60 promotores. A ação incluiu a prisão preliminar por 10 dias de cinco ex-assessores do governo de segunda linha.
Entre as residências e escritórios revistados, estão imóveis de seis congressistas opositores suspeitos de conluio com o governo. "O objetivo da operação, da qual participam promotores e policiais, é colher informações sobre a suposta participação desses congressistas no direcionamento de obras para empresas consorciadas chinesas e peruanas", tuitou a promotoria.
Rede de corrupção 
A tese do Ministério Público é de que o presidente de esquerda dirige uma rede de lavagem de dinheiro e concessão de contratos de obras públicas integrada por seu entorno familiar e político.
Castillo nega que sua família tenha cometido crimes e diz ser vítima de uma campanha para destituí-lo. O Ministério Público abriu seis investigações contra o presidente, algo inédito para um chefe de Estado em exercício no Peru.
Em seus 15 meses no poder, Castillo tem vivido sob o cerco do MP e o assédio de um Congresso dominado pela direita, que exige a sua renúncia. O presidente sobreviveu a duas tentativas de destituição pelo Congresso e o MP não pode julgá-lo até o fim de seu mandato, em 28 de julho de 2026.