Forças de segurança desativaram outro "explosivo de fabricação caseira" na mesma áreaReprodução/Redes Sociais

Mianmar - Pelo menos oito pessoas morreram e 18 ficaram feridas após duas bombas explodirem diante de uma prisão em Mianmar, informou a junta militar. O caso aconteceu em Yangon, capital econômica do país.
De acordo com os militares, as bombas tinham como alvo uma multidão de parentes e amigos que aguardavam diante da prisão de Insein para entregar pacotes aos detentos. As autoridades atribuíram a responsabilidade a "terroristas".
As forças de segurança informaram que desativaram outro "explosivo de fabricação caseira" na mesma área. Uma mulher que esperava na fila perto do local onde os pacotes são depositados disse à AFP que a primeira explosão ocorreu às 9h30 locais. "Rapidamente aconteceram outras duas explosões. E depois tiros", disse a testemunha, que pediu anonimato.
De acordo com outra testemunha, as autoridades isolaram a área próxima à prisão, criada no período colonial e que, de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos, abriga centenas de presos políticos desde o golpe de Estado em fevereiro de 2021. A ex-embaixadora britânica em Mianmar, Vicky Bowman, e o jornalista japonês Toru Kubota estão detidos na casa de detenção.
Imagens transmitidas pela mídia local mostram sangue no chão ao redor de um balcão com janelas quebradas atrás. Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque. Um porta-voz da junta não respondeu aos pedidos de comentários da AFP.
A organização de direitos humanos Anistia Internacional disse estar "extremamente perturbada pelos relatos e imagens das explosões na prisão de Insein". O órgão acrescentou que "ninguém deveria morrer levando pacotes para entes queridos detidos".
Mianmar é cenário de um violento conflito interno desde que os militares tomaram o poder em um golpe e derrubaram do poder o governo civil de Aung San Suu Kyi. Milícias civis surgiram em todo o país e pegaram em armas para combater o exército, que foi surpreendido com sua eficácia, segundo vários analistas.
Em todo o país do Sudeste Asiático, assassinatos de membros da junta militar ou pessoas acusadas de serem seus informantes são relatados quase todos os dias. O exército muitas vezes realiza represálias. A maior parte da violência ocorre em áreas rurais, mas grupos antirregime também têm como alvo representantes do poder e infraestruturas nas cidades.
Em julho, uma explosão perto de um shopping center em Yangon matou duas pessoas e feriu outras onze. Desde o golpe, mais de 2.300 pessoas foram mortas pelas forças de segurança e mais de 15.000 foram presas, segundo uma ONG local. A última avaliação de baixas civis atribuídas aos rebeldes pela junta chega a quase 3.900 mortos.