Pesquisadores acreditavam que não havia mais árvores dessa espécie na áreaJardim Botânico do Rio de Janeiro/Divulgação
A espécie, que pode alcançar até 30 metros de altura, foi descrita em artigo publicado, no dia 9, na revista científica Botanical Journal of the Linnean Society. Os pesquisadores encontraram apenas um indivíduo adulto e dois jovens em um fragmento de floresta preservada dentro de uma fazenda e cercado de lavouras de cana-de-açúcar.
A conclusão inicial dos pesquisadores era que as árvores haviam sido extintas.
Espécie
Com o tronco de cor clara, que se destaca na floresta, a espécie foi catalogada como Dipteryx hermetopascoaliana, em homenagem ao compositor e multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal. Para Catarina Carvalho, tal como a árvore, Hermeto Pascoal é um gigante da música nordestina e do jazz instrumental e se destaca no cenário musical brasileiro.
“A gente achou que combinava muito com Hermeto, esse músico nosso, nordestino, gigante do jazz multi-instrumentalista”. Para os pesquisadores, assim como Hermeto é símbolo de resistência da diversidade da cultura brasileira dentro do universo do jazz, constituindo referência mundial, a árvore gigante Dipteryx hermetopascoaliana catalogada agora é símbolo de resistência da mega diversidade da Mata Atlântica.
A Dipteryx hermetopascoaliana é uma árvore bem mais alta do que o restante das árvores da floresta. Catarina espera que, assim que tomarem conhecimento da descoberta, os proprietários da fazenda possam se interessar em conservar a nova espécie de árvore gigante.
O gênero Dipteryx pertence à família das leguminosas e é comum na Amazônia, com espécies como o cumaru (D. odorata), e também no Cerrado, com o baru (D. alata). A Dipteryx hermetopascoaliana, entretanto, é a primeira espécie do gênero descrita na Mata Atlântica, bioma mais devastado do Brasil e, atualmente, com cerca de apenas 10% de sua cobertura original. Por isso, os pesquisadores acreditam que a árvore gigante já está altamente ameaçada pela destruição histórica de seu habitat.
Atualmente, Catarina Carvalho é bolsista de pós-doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, onde permanecerá até 2025 fazendo pesquisas sobre árvores, gigantes ou não. “Sempre desvendando um pouco mais da biodiversidade”, disse Catarina.
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