As autoridades de Seul informaram ter recebido 2.642 relatos de pessoas desaparecidas AFP

Seul - O presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol declarou um período de luto nacional neste domingo, 30. Em discurso transmitido na televisão, ele lamentou "a tragédia e desastre que não deveriam ter acontecido". Na noite de sábado, 29, ao menos 153 pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas durante a celebração de Halloween nas ruas apertadas de um bairro do centro de Seul.
As autoridades classificam o triste episódio como uma das piores tragédias do país. O presidente Yoon Suk-yeol prometeu rigor nas investigações. Ele assegurou que o governo fará uma investigação a fundo das causas e tomará medidas para garantir que um incidente como este "não volte a acontecer no futuro".
O tumulto aconteceu no distrito popular de Itaewon, onde a imprensa local indica que até 100 mil pessoas - a maioria adolescentes e jovens - chegaram na noite de sábado, enchendo os becos e ruas sinuosas no centro, na primeira grande festa em Seul após a pandemia.
"Meu coração está apertado e é difícil conter minha dor", acrescentou o presidente, que foi ao local da tragédia na manhã deste domingo, vestido com um colete verde de emergência.
Testemunhas contaram como as pessoas tentaram sair da multidão sufocante, empilhando-se umas sobre as outras enquanto os paramédicos, sobrecarregados pelo número de vítimas, pediam aos transeuntes que os ajudassem a prestar os primeiros socorros.
"Havia tantas pessoas empurrando umas às outras que fiquei preso na primeira multidão e no começo não consegui sair", contou à AFP Jeon Ga-eul, de 30 anos, que tomava uma bebida em um bar no momento. "Saí para ver e vi pessoas prestando primeiros socorros cardiorrespiratórios."
O Ministério do Interior informou à AFP que 153 pessoas morreram, incluindo 20 estrangeiros, na debandada, que ocorreu por volta das 22h00, hora local .
A maioria eram mulheres jovens na faixa dos 20 anos, disse, acrescentando que 134 pessoas ficaram feridas. Entre os estrangeiros mortos estavam cidadãos do Irã, China, Uzbequistão e Noruega, segundo a agência de notícias Yonhap. Dois russos também estão entre os mortos, segundo a agência Tass.
As autoridades de Seul disseram que também receberam 2.642 relatos de pessoas desaparecidas.
 
 
Choi Seong-beom, do Corpo de Bombeiros, explicou que "o alto número de vítimas se deve ao fato de muitas terem sido pisoteadas".
Imagens da AFP mostraram vários corpos deitados na rua cobertos por cobertores ou mortalhas improvisadas, e socorristas carregando corpos.
"As pessoas caíram empilhadas umas sobre as outras como em um túmulo. Algumas gradualmente perderam a consciência e outras pareciam mortas naquele momento", disse uma testemunha à agência de notícias Yonhap.
Em entrevista à rede local YTN, o médico Lee Beom-suk descreveu as cenas de tragédia e caos. "Quando tentei ajudar, havia duas vítimas deitadas na calçada. Mas o número disparou logo depois, sobrecarregando os socorristas no local", contou.
"Muitos transeuntes vieram nos ajudar. É difícil descrever em palavras. Os rostos de tantas vítimas estavam pálidos. Eu não conseguia sentir seu pulso ou respiração e muitos tinham o nariz sangrando", acrescentou.
Uma usuária do Twitter que disse que estava em Itaewon quando a tragédia ocorreu compartilhou um vídeo mostrando centenas de pessoas fantasiadas em um beco estreito repleto de bares e cafés.
A multidão parece calma no início, mas depois a comoção se instala e as pessoas começam a se empurrar. Gritos e suspiros são ouvidos e uma mulher diz em inglês: "Meu Deus, meu Deus".
 
 
As autoridades disseram neste domingo que não tinham ideia clara do que causou a debandada. A festa de Halloween foi a primeira em Seul desde o início da pandemia de coronavírus.
"A multidão esperada em Itaewon não era muito diferente dos anos anteriores", então a polícia mobilizada foi "semelhante à de antes", disse o ministro do Interior Lee Sang-min, acrescentando que um "número considerável" de agentes estava em outra parte de Seul, ao mesmo tempo para acompanhar uma grande manifestação.
Muitos líderes internacionais expressaram sua consternação. "Estamos de luto com o povo da República da Coreia e enviamos nossos melhores votos de rápida recuperação a todos os feridos", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em nota.
O presidente chinês, Xi Jinping, disse neste domingo que estava "chocado" ao expressar "profundas condolências". O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz, entre outros, também expressaram sua consternação.
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