Turistas esperam no barco onde foram detidos na comunidade de CuninicoAngela RAMIREZ / AFP
Indígenas retêm barco na Amazônia peruana após derramamento de petróleo
O navio foi detido no rio Marañón perto da comunidade Cuninico; em outro incidente 100 turistas ficaram detidos pelos mesmo indígenas por 24h
Um grupo de indígenas afetados por derramamento de petróleo em setembro reteve um barco com a população local em um rio da Amazônia, no Peru. O objetivo da ação era protestar contra a falta de ajuda do governo.
"Estamos cerca de 70 passageiros retidos sem motivo. Os indígenas nos ameaçam com suas lanças e flechas", disse à rádio RPP o advogado Luis Otazu, que disse estar a bordo do navio.
O navio de carga e passageiros chamado "Coquito" foi detido na manhã de sábado (05) no rio Marañón, nos arredores da comunidade indígena de Cuninico, distrito de Urarinas da região de Loreto, no norte do país. Segundo o advogado, entre os viajantes estava crianças, grávidas e mães.
Em outro episódio, cerca de 100 turistas peruanos e estrangeiros que estavam detidos desde quinta-feira (03) pelos mesmos indígenas foram libertados na sexta (04). O advogado afirmou que não há comida ou água para os passageiros. Além disso, contou que os nativos cortaram a energia elétrica do barco para impedir que os motores ligassem.
Outra passageira, Scarlet Rodríguez, disse que estão em situação de "sequestro total" e denunciou que há outros cargueiros retidos na área. O líder do protesto, Galo Vásquez, representante da comunidade indígena de Cuninico, informou que o barco iria ficar impedido de continuar o trajeto até que uma delegação do governo chegasse. As autoridades ainda não fizeram declarações sobre o novo incidente
No dia 18 de setembro, foi relatado um vazamento de petróleo causado por uma ruptura aparentemente intencional do Oleoduto Norperuano (ONP). Dez dias depois, o governo de Pedro Castillo declarou estado de emergência por 90 dias na área geográfica afetada, onde vivem cerca de 2.500 indígenas de seis comunidades.
As comunidades indígenas bloqueiam há 3 dias qualquer tipo de tráfego fluvial para exigir ações das autoridades. O ONP, de propriedade da estatal Petroperú, foi construído há quatro décadas para transportar petróleo bruto da região amazônica até os portos de Piura, no litoral, estendido por cerca de 800 quilômetros.