Ex-procurador-geral do México é preso preventivamente em caso de desaparecimento de quase 40 alunosJoe Bamz/Pixabay

O responsável por uma comissão especial do governo mexicano para esclarecer o desaparecimento de 43 estudantes em 2014 defendeu neste domingo (6) sua investigação sobre o caso e acusou uma "intensa campanha" para desacreditá-lo.
"Nas últimas semanas, houve uma intensa campanha que visa desacreditar o trabalho e as investigações que realizamos (...). Era totalmente previsível, estamos sacudindo as velhas estruturas de poder", disse em um vídeo publicado nas redes sociais Alejandro Encinas, subsecretário de Direitos Humanos e chefe da Comissão da Verdade de Ayotzinapa (Covaj).
"Aqueles que apostam na impunidade nunca imaginaram que iríamos tomar ações e decisões específicas para resolver esse assunto", acrescentou Encinas, sem mencionar quem estaria por trás dessa suposta campanha de difamação.
A declaração de Encinas ocorre depois que o Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI), órgão criado em 2015 por acordo entre o governo e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para esclarecer o caso, apontou inconsistências em sua investigação.
O relatório da Covaj concluiu que, por suas ações ou omissões, os militares mexicanos foram responsáveis pelo desaparecimento e morte dos jovens nas mãos do cartel Guerreros Unidos.
Essa responsabilidade não foi incluída na chamada "verdade histórica" proposta pelo governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018), que determinou que os estudantes foram detidos e entregues por policiais locais a traficantes de drogas ao serem confundidos com membros de uma gangue inimiga.
Encinas acrescentou neste domingo que a comissão sob sua responsabilidade mantém sua relação com o GIEI, embora reconheça a existência de "algumas divergências". "Estamos construindo um caminho de trabalho conjunto e novas linhas de investigação", disse.
Os estudantes desapareceram quando tentavam se apropriar de vários ônibus em Iguala (Guerrero, sul) para viajar para a Cidade do México e participar de manifestações. Até agora, apenas os restos mortais de três vítimas foram identificados.