EUA tem ajudando a Ucrânia na guerra iniciada com a invasão russaReprodução

A Ucrânia recebeu nesta segunda-feira (7) novos sistemas ocidentais de defesa antiaérea para neutralizar os bombardeios maciços da Rússia, que têm provocado cortes no abastecimento de água e eletricidade a poucas semanas do inverno no hemisfério norte.
Diante desta situação, o governo decidiu que o Estado assuma o controle de várias empresas de "importância estratégica" para ajudar no esforço bélico. Para fazer frente aos bombardeios russos, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, instou os países ocidentais a criarem um "escudo" para proteger as infraestruturas críticas sob a mira de Moscou.
Segundo o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, Kiev recebeu nesta segunda sistemas de defesa antiaérea NASAMS e Aspide, proporcionados por Estados Unidos, Espanha e Noruega.
"Estas armas vão reforçar consideravelmente o exército ucraniano e tornarão mais seguro o nosso céu", tuitou o ministro.
Antes, tinham chegado à Ucrânia o sistema alemão de última geração "Iris-T" e mísseis terra-ar franceses "Crotale". O Reino Unido informou ter enviado mísseis AMRAAM.
Após várias séries de ataques russos, que deixaram centenas de milhares de pessoas sem energia elétrica, as autoridades da região de Kiev avisaram que a situação continua "tensa" no que diz respeito ao fornecimento de energia.
A administração militar regional pediu aos moradores a "usarem a eletricidade com moderação" e o operador Ukrenergo advertiu que precisou fazer cortes de "emergência".
Em 31 de outubro, um ataque russo com drones e mísseis deixou quase 80% dos moradores da capital sem água e 350.000 famílias sem eletricidade. Desde então, parte dos danos foi reparada.
Nesta segunda, o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksiy Danilov, anunciou que "foi tomada a decisão de expropriar os ativos de empresas de importância estratégica e fazer com que passem a ser propriedade do Estado".
Entre as empresas está a produtora de petróleo Ukrnafta, a fabricante de aviões Motor Sich, a empresa especializada na produção de reatores Zaporozhtransformator e a fabricante de caminhões AvtoKraz.
Segundo as autoridades ucranianas, a Rússia destruiu cerca de 40% das infraestruturas energéticas do país desde o começo de outubro, principalmente com drones de fabricação iraniana.
 
 
Por sua vez, as autoridades de ocupação da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, anunciaram que o abastecimento de água e energia elétrica tinha "se estabilizado", um dia depois de que dois bombardeios, dos quais Rússia e Ucrânia se acusaram mutuamente, afetaram o fornecimento.
Estes ataques também danificaram a represa da hidrelétrica de Kajovka, ocupada pelas forças russas e que abastece a Crimeia anexada, em uma região que é alvo de uma contraofensiva há uma semana.
"Os especialistas [...] restauraram parcialmente o funcionamento de [os sistemas de] abastecimento vitais em cada microdistrito da cidade", informou nesta segunda-feira a administração da ocupação à agência russa TASS.
Kherson é a principal cidade ucraniana tomada pelas forças russas desde que a invasão começou, em fevereiro. Diante da batalha que se avizinha, Moscou organizou evacuações desta localidade, que Kiev tachou de "deportações".
Apesar da intensidade dos ataques russos das últimas semanas, nesta segunda a situação parecia ter se acalmado, com Kiev encoberta por um céu carregado, pouco propício aos ataques aéreos.
"Há oito meses sabíamos todos os dias que isto podia ocorrer e nos adaptamos, eu não mudo minha rotina por isso. Vou trabalhar, como faço todos os dias", declarou à AFP Aliona Plekh, de 21 anos, moradora da capital.
Segundo o exército ucraniano, as forças russas dispararam quatro mísseis e fizeram 24 bombardeios aéreos em todo o país nas últimas 24 horas.
Os ataques deixaram pelo menos um morto na região de Zaporizhzhia (sul) e outro na de Sumy (norte), enquanto em Kherson deixaram um ferido, informaram as autoridades de cada região.
O exército russo voltou a acusar os ucranianos de terem lançado "sete obuses de grosso calibre" sobre a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa e ocupada desde março pelas forças russas.
Os moradores de Zaporizhzhia que fugiram da ocupação russa descreveram a jornalistas da AFP o clima de paranoia total em que estiveram mergulhados sob o domínio russo, entre invasões e confiscos de celulares.
"Tínhamos que apagar todas as nossas mensagens. E nós que nos cuidássemos se disséssemos qualquer coisa contra a Rússia. Ninguém se sentia seguro", contou Irina Mykhailena, originária da cidade ocupada de Berdiansk.