-Ambulâncias após explosão em IstambulYasin Akgul/AFP

A Turquia anunciou nesta segunda-feira, 14, a prisão de uma pessoa suspeita pelo atentado que deixou seis mortos e 81 feridos no domingo, 13, em uma avenida comercial de Istambul. O governo atribui o crime ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"A pessoa que colocou a bomba foi detida. De acordo com nossas descobertas, a organização terrorista PKK é responsável", afirmou o ministro do Interior, Suleyman Soylu.
A mulher detida e acusada de ter plantado a bomba tem nacionalidade síria e reconheceu os atos, anunciou a polícia turca, nesta segunda-feira, 14.
Ela admitiu ter atuado por ordem do PKK e que recebeu orientações em Kobane, no nordeste da Síria. A mulher foi detida ao lado de outros suspeitos em um apartamento de Kucukcekmece, nas proximidades de Istambul.
O ministro do Interior afirmou que a suspeita pretendia "fugir para a Grécia". Ele também anunciou que outras 21 pessoas também foram detidas.
O PKK é considerado uma organização terrorista por Turquia, Estados Unidos e União Europeia, com uma luta armada contra o governo turco desde a década de 1980. Ancara já atribuiu outros atentados em território turco ao grupo.
A forte explosão ocorreu por volta das 16h20 locais (10h20 em Brasília) de domingo 13 em um momento de grande movimento na avenida Istiklal de Istambul, capital econômica da Turquia, um destino popular para muitos turistas e moradores locais.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou o "atentado vil" que deixou "seis mortos". "Os autores deste atentado vil serão desmascarados. Que a nossa população esteja segura de que eles serão castigados", prometeu.
O último balanço informou que pelo menos seis pessoas morreram e 81 ficaram feridas, duas delas com gravidade.
A avenida Istiklal já havia sido palco de ataques no passado, especialmente durante os anos de 2015 e 2016, quando Istambul e outras cidades como Ancara, a capital, sofreram uma série de atentados. Reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, os ataques mataram quase 500 pessoas e deixaram mais de 2.000 feridos.
O Conselho Superior de Radiotelevisão (RTÜK, na sigla em turco) proibiu que os meios de comunicação exibissem imagens da cena. O objetivo é "evitar semear o medo, o pânico e a agitação na sociedade e servir aos objetivos de organizações terroristas", justificou o diretor da comunicação presidencial e conselheiro próximo do presidente Erdogan, Farhettin Altun.
"Todas as instituições e organizações de nosso Estado realizam uma investigação rápida, meticulosa e eficaz sobre o incidente", prometeu Altun em uma declaração.
A avenida Istiklal, de 1,4 km de extensão e que significa "Independência" em turco, está situada no distrito histórico de Beyoglu. É uma das ruas exclusivas para pedestres mais famosas da cidade. Por ela cruza um antigo bonde e há uma infinidade de lojas e restaurantes. Quase 3 milhões de pessoas circulam ali por dia durante o fim de semana.
Em março de 2016, um ataque suicida no mesmo lugar deixou cinco mortos.
O ataque deste domingo, que ocorre sete meses antes de eleições presidenciais e legislativas cruciais, gerou uma onda de condenações e manifestações de solidariedade. "Nossos pensamentos estão com o povo da Turquia neste momento difícil", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, da qual a Turquia faz parte, manifestou a sua "solidariedade ao nosso aliado", tal como a Suécia, candidata à adesão à Aliança Atlântica. A Casa Branca também manifestou sua solidariedade.
Na Grécia, país com o qual a Turquia mantém relações tensas, o Ministério das Relações Exteriores "condenou inequivocamente o terrorismo e expressou suas sinceras condolências ao governo e ao povo turco".
Turquia recusa condolências dos EUA
A Turquia rejeitou nesta segunda-feira, 14, a mensagem de condolências do governo dos Estados Unidos após a morte de seis pessoas no atentado, que Ancara atribuiu a grupos curdos.
"Não aceitamos a mensagem de condolências da embaixada dos Estados Unidos. Nós rejeitamos. Nossa aliança com um Estado que apoia Kobane e seus focos de terror (...) deve ser discutida", disse o ministro do Interior, Suleyman Soylu.
O ministro acusou os combatentes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e algumas facções aliadas, que têm apoio dos Estados Unidos, pelo atentado em Istambul.
A Turquia acusa com frequência o governo dos Estados Unidos de fornecer armas aos combatentes curdos do PKK e das Unidades de Proteção Popular (YPG), que Ancara considera grupos "terroristas".