Duas pessoas morreram em bombardeio à PolôniaAFP

A Polônia, um país da Otan, colocou seus militares em alerta na terça-feira (15), depois que teve seu território atingido por um "míssil de fabricação russa", algo que ameaça desencadear uma escalada perigosa na Europa.
O governo polonês indicou que "um projétil de fabricação russa" caiu em seu território "matando dois cidadãos" poloneses e informou que o embaixador russo em Varsóvia foi convocado para dar "explicações detalhadas" sobre o ocorrido.
Porém, não ficou claro de onde o míssil partiu e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou "improvável" que tenha sido lançado a partir da Rússia.
"É improvável que (...) o míssil tenha sido disparado da Rússia", declarou Biden à imprensa na ilha indonésia de Bali, onde acontece a reunião de cúpula do G20. "Vou garantir que descobriremos exatamente o que aconteceu e depois vamos determinar coletivamente o próximo passo", acrescentou.
Biden se reuniu em caráter de emergência em Bali com os governantes dos países aliados para discutir a situação e expressou solidariedade ao governo polonês.
No encerramento do encontro do G20, "a maioria dos países membros condenou com veemência a guerra na Ucrânia". O grupo também afirmou que o conflito "afetou de maneira ainda mais negativa a economia mundial".
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse aos líderes do G20 nesta quarta-feira que "há um Estado terrorista" entre eles e acusou a Rússia de lançar o míssil que caiu na Polônia.
Em uma mensagem por videoconferência, Zelensky disse que a queda do projétil foi "uma verdadeira mensagem da Rússia para a cúpula do G20", segundo uma cópia do discurso obtida pela AFP.
Também pediu uma "resposta rápida", mas os líderes ocidentais recomendaram prudência até que as circunstâncias sejam esclarecidas.
O presidente polonês, Andrzej Duda, admitiu que não há "prova inequívoca" de quem disparou o míssil, embora tenha dito que o artefato era "provavelmente de fabricação russa".
Diante dos fatos, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, pediu aos poloneses que mantivessem a calma. "Precisamos ter moderação e cautela", acrescentou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar "chocado" e anunciou que iria propor "uma reunião de coordenação" dos líderes da União Europeia que participam da conferência do G20.
A Polônia decidiu "aumentar o nível de alerta de algumas unidades de combate", anunciou o porta-voz do governo, Piotr Müller, após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.
Segundo a mídia polonesa, a explosão ocorreu na cidade de Przewodow, a poucos quilômetros da fronteira ucraniana.
A Otan está "monitorando a situação" e "é importante que todos os fatos sejam estabelecidos", tuitou o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.
A Polônia está protegida pelo artigo 5 do tratado da Otan, que estipula que se um Estado-membro for alvo de um ataque armado, seus parceiros considerarão o ato como um ataque armado dirigido ao grupo e tomarão as medidas que julgarem necessárias para ajudar o país atacado.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que é "absolutamente essencial evitar a escalada da guerra na Ucrânia" e pediu uma investigação "profunda" sobre o míssil que caiu na Polônia.
O país recebeu uma onda de apoio de países da Otan, como mensagens do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, negou categoricamente que seu país tenha lançado um míssil para provocar uma reação da Otan.
"A Rússia promove uma teoria da conspiração de que um suposto míssil de defesa aérea ucraniano caiu em território polonês. Isso não é verdade", declarou.
Os relatos surgiram após um dia de intensos bombardeios russos contra várias cidades ucranianas, em particular contra suas instalações de energia, o que deixou 10 milhões de pessoas sem luz, segundo Zelensky. À noite, o presidente informou que oito milhões de usuários já haviam sido reconectados à rede elétrica. Na vizinha Moldávia também houve quedas de energia.
A Rússia, por sua vez, acusou a Ucrânia de ter bombardeado a região fronteiriça russa de Belgorod, levando a duas mortes.
Os ataques russos acontecem quatro dias após a humilhante retirada das forças de Moscou da área de Kherson, incluindo a capital regional de mesmo nome, após quase nove meses de ocupação.
Zelensky convocou o G20 a se pronunciar sobre os bombardeios russo. "Este ato de genocídio dos ucranianos em resposta ao meu plano de paz é um tapa cínico na cara do G20 e do mundo", afirmou o presidente.
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, que representa seu país em Bali, acusou a Ucrânia de impedir as negociações de paz ao exigir que as tropas russas deixem todo o território.
A Rússia controla na prática desde 2014 grandes porções do leste, que anexou formalmente após a invasão.