Elon MuskReprodução
Elon Musk testemunha em julgamento por remuneração na Tesla
Bilionário lembrou que em 2018 a empresa esteve a beira da falência e que a sobrevivência da empresa na época era baixa
Elon Musk começou a testemunhar em um tribunal de Delaware, nesta quarta-feira (16), no julgamento que contesta sua remuneração de 52,4 bilhões de dólares em ações aprovada pelo conselho da Tesla, empresa que fundou e dirige. Musk se afastou do Twitter, sua aquisição mais recente, por algumas horas para se defender de questionamentos sobre esse plano aprovado em 2018.
Em suas primeiras palavras no tribunal, afirmou que trabalhou duro em momentos difíceis e que o sucesso da fabricante de veículos elétricos estava longe de estar garantido.
"Em tempos de crise, a divisão do tempo muda dependendo de onde está a crise", sustentou.
Ele afirmou que quando o plano de remuneração foi decidido, a empresa enfrentava dificuldades para aumentar a produção e que seu tempo era quase inteiramente dedicado à Tesla. De acordo com Musk, a sobrevivência da empresa era baixa e que várias vezes a Tesla esteve a beira da falência em 2018.
Musk, também dono da SpaceX e do Twitter, entrou discretamente no tribunal: um Tesla preto estacionou atrás do prédio, em frente a uma tenda montada para a ocasião. Minutos depois, de terno preto e gravata, passou pela segurança na porta do tribunal.
O depoimento ocorrendo mesmo tribunal de Delaware e com a mesma juíza - Kathaleen McCormick - que iriam conduzir o caso do bilionário contra o Twitter, antes deste ser abandonado após a compra da rede social. O julgamento, que não terá júri, levará cinco dias.
Richard Tornetta, um acionista da fabricante de veículos elétricos, abriu um processo judicial em 2018 por considerar que o empresário e o conselho diretor da empresa não respeitaram suas obrigações quando autorizaram esse plano.
Segundo o autor da ação, Musk ditou seus termos aos diretores, que, por sua relação com ele, não eram suficientemente independentes para se oporem. O acionista acusa Musk de "enriquecimento injustificado" e pede a anulação do pacote de pagamentos, previsto para se estender por dez anos.
De acordo com um documento legal, o homem mais rico do mundo ganhou o equivalente a 52,4 bilhões de dólares em opções de ações ao longo de quatro anos e meio, depois que praticamente todas as metas da empresa foram alcançadas. Quando o plano foi adotado, era avaliado em um total de 56 bilhões.
A ação legal inclui, além do magnata, vários membros atuais e antigos do conselho da Tesla. Os advogados de Musk e dos demais argumentam que o plano de remuneração está vinculado ao desempenho da empresa, incluindo sua evolução na bolsa, e apontam que o valor de mercado da Tesla cresceu mais de dez vezes desde sua aprovação.
Tornetta argumenta que Musk não precisava desse tipo de incentivo financeiro para atingir essas metas. O bilionário cancelou sua participação presencial em um evento à margem do G20 na Indonésia para ir ao tribunal. Além da Tesla e do Twitter, Musk é dono da SpaceX e das startups Neuralink e The Boring Company.