O frango cultivado em células da Upside é o primeiro a receber a aprovação da FDADivulgação/Upside Foods
Empresa americana recebe primeira liberação para comercializar carne artificial
Na prática, a Upside Foods ainda tem obstáculos a superar, incluindo inspeções do Departamento de Agricultura do país
Berkeley - A startup americana Upside Foods, que cultiva células animais para produzir carne sem abatê-los, recebeu na quarta-feira, 16, o sinal verde para continuar a desenvolver seus métodos de fabricação pela agência de segurança alimentar dos EUA, a FDA.
"Começamos a Upside em um mundo cheio de céticos e hoje, mais uma vez, fizemos história como a primeira empresa a receber uma carta inquestionável do FDA para carne cultivada em laboratório", disse Uma Valeti, cofundadora e diretora-geral, em um comunicado da empresa californiana.
"Este marco é um grande passo para uma nova era na produção de carne, e estou entusiasmada com o fato de que os consumidores nos Estados Unidos logo terão a oportunidade de comer carne deliciosa cultivada diretamente de células animais", acrescentou.
Na prática, a Upside Foods ainda tem muitos obstáculos a superar, incluindo inspeções do Departamento de Agricultura dos EUA, antes de poder vender seus produtos.
A FDA avaliou "cuidadosamente" os dados e informações fornecidos pela empresa sobre seus métodos e "não tem mais dúvidas nesta fase sobre suas conclusões em termos de segurança", disse a reguladora de alimentos em seu próprio comunicado à imprensa.
Mas "esta consulta não constitui um processo de aprovação", especificou a agência.
Várias startups tem como objetivo produzir e comercializar a chamada carne de "laboratório" ou artificial, para permitir que os humanos consumam proteína animal com menos impacto no meio ambiente e sem sofrimento animal.
Esses produtos diferem dos substitutos à base de plantas, como "bifes" à base de soja e outros ingredientes que imitam a textura e o sabor da carne, mas não contêm proteína animal.
A startup Eat Just, concorrente da Upside Foods, foi a primeira a receber liberação para comercializar carne artificial, em Cingapura, em 2020.
Em maio passado, fechou acordo com uma fabricante de equipamentos para produzir frango e carne bovina em grande escala.
Enquanto esperam poder servir carne de laboratório aos humanos, outras empresas querem conquistar o mercado para alimentar animais de estimação, teoricamente menos difícil de agradar.
A Bond Pet Foods, uma startup do Colorado, está criando proteína animal a partir de um processo de fermentação microbiana para alimentar cães sem matar vacas ou galinhas.