O telescópio espacial James Webb fotografou duas galáxias formadas ainda no Universo primordial, entre 350 milhões e 450 milhões de anos após o Big Bang. As imagens foram feitas no âmbito de um estudo internacional liderado pelo Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (Inaf) e publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters.
As duas galáxias são possivelmente as mais antigas já observadas (novas medições vão confirmar sua idade aproximada) e foram identificadas enquanto o James Webb mirava o aglomerado Abell 2744, entre 28 e 29 de junho, pouco depois do início das operações do telescópio.
"Havia muita curiosidade para ver o que o JWST poderia nos dizer sobre o alvorecer cósmico", disse Marco Castellano, pesquisador do Inaf em Roma e primeiro autor do artigo. "Não foi fácil analisar dados tão novos em um prazo curto. A colaboração trabalhou sete dias por semana, 24 horas por dia, graças a uma participação que cobre todos os fusos horários", acrescentou.
Já sua colega no Inaf Paola Santini declarou que as observações são "revolucionárias" e abrem "um novo capítulo na astronomia". "O JWST se mostrou capaz de revelar fontes astrofísicas de épocas ainda inexploradas", ressaltou.
De acordo com a Nasa, maior "acionista" do telescópio espacial, uma dessas galáxias pode conter o raio de luz estelar mais distante já observado. Diferente da nossa Via Láctea, que tem formato espiral, elas são pequenas e compactas e apresentam forma esférica ou em disco.
Sua idade estimada sugere que estrelas podem ter começado a surgir antes do que se imaginava, talvez até 100 milhões de anos após o Big Bang, fenômeno ocorrido há 13,8 bilhões de anos.
"Ninguém esperava que a era da escuridão teria terminado tão cedo", reforçou Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia.
Maior telescópio espacial já construído pela humanidade, o James Webb observa em infravermelho, o que lhe permite estudar eventos mais distantes no tempo, como o surgimento das primeiras galáxias.
Enquanto o Hubble, por exemplo, consegue visualizar fenômenos ocorridos há 13,2 bilhões de anos, o James Webb pode chegar 13,5 bilhões de anos atrás. Como o Universo está em expansão, as ondas de luz visível emitidas naquela era primordial são "esticadas" em seu caminho até nós, deslocando-se até a faixa do infravermelho, que é invisível para o olho humano.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.