Kiev pede a países da Otan que acelerem envio de ajuda devido a proximidade do invernoSUYOSHI CHIBA / AFP

A Ucrânia pressionou os países da Otan, nesta terça-feira (29), para que agilizem o envio de armas e de recursos para recuperar a rede elétrica, devastada por bombardeios russos, como parte de um esforço para ajudar os ucranianos a enfrentar o inverno, que se aproxima no hemisfério norte.
Durante uma reunião ministerial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Romênia, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu que as entregas, especialmente para a defesa aérea, cheguem "mais rápido, mais rápido, mais rápido".
Um intenso bombardeio com mísseis russos abalou drasticamente a infraestrutura de energia da Ucrânia e deixou milhões de pessoas sem eletricidade. Kuleba afirmou que, "quando tivermos transformadores e geradores, poderemos restaurar nosso sistema (...) Quando tivermos sistemas de defesa aérea, poderemos proteger a infraestrutura da próxima salva de mísseis russos".
Segundo o chefe da diplomacia ucraniana, o país precisa urgentemente de mísseis "Patriot e transformadores". Este apelo por mais ajuda veio logo depois de o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, alertar que a Rússia tenta usar o inverno como uma "arma de guerra" contra a Ucrânia.
Ao iniciar a reunião em Bucareste, Stoltenberg afirmou que "a mensagem de todos nós será que devemos fazer mais" para ajudar a Ucrânia a consertar sua infraestrutura de gás e eletricidade, bem como fornecer defesa aérea para ajudar a Ucrânia a se proteger melhor.
"A Otan não participa da guerra, mas continuará apoiando a Ucrânia pelo tempo que for necessário", afirmou Stoltenberg.
O chefe da Otan disse acreditar que a Rússia fará mais ataques à rede elétrica da Ucrânia e alertou que a Europa deve "estar pronta para mais refugiados".
"A Rússia, na verdade, está falhando no campo de batalha. Em resposta a isso, agora ataca alvos civis (...) porque não pode ganhar território", disse Stoltenberg na abertura da reunião da aliança transatlântica.
Os ataques às infraestruturas civil e energética "obviamente foram planejados para tentar congelar os ucranianos até que se rendam", disse o ministro das Relações Exteriores britânico, James Cleverly, acrescentando: "Não acho que eles terão sucesso".
Os membros da Otan já enviaram bilhões de dólares em armas e equipamentos - médicos, ou de telecomunicações - para a Ucrânia, mas o país pede mais recursos de defesa aérea, tanques e mísseis de longo alcance para repelir as forças russas.
Está evidente a crescente preocupação com o declínio acentuado e o quase esgotamento dos estoques estratégicos, especialmente de munições, em vários países da Otan após os envios para a Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse que as exigências aos ministros da Otan eram simples, resumidas no slogan "Mantenham a calma e enviem tanques".
O governo alemão anunciou o envio de "mais de 350 geradores" elétricos à Ucrânia. A França irá disponibilizar 100 milhões de euros em ajuda financeira, para além dos 300 milhões de euros anteriormente concedidos à Ucrânia, que atravessa uma situação econômica frágil.
Fontes da Otan insistem em que a reunião em Bucareste mostrará a unidade da aliança transatlântica em seu apoio à Ucrânia. A aliança não deve, contudo, avançar com o pedido de adesão da Ucrânia ao bloco.
Stoltenberg afirmou que a "porta está aberta" para novos membros, mas acrescentou que o foco por enquanto é ajudar a Ucrânia frente à ofensiva russa.
Para além da guerra na Ucrânia, os ministros da Otan devem fazer um balanço dos progressos nas adesões da Finlândia e da Suécia. Já foram ratificadas por 28 dos 30 países-membros, mas seguem suspensas enquanto se espera o sinal verde da Turquia.
Os ministros das Relações Exteriores de Suécia, Finlândia e Turquia se reuniram em paralelo, mas o governo turco minimizou as esperanças de um avanço rápido.