Mídia estatal informou que as bandeiras serão hasteadas a meio mastro nos edifícios públicos em homenagem a ZeminMike Fiala/AFP

O corpo do ex-presidente chinês Jiang Zemin chegou a Pequim na tarde desta quinta-feira (1º), enquanto em sua cidade natal, Yangzhou, a população prestava homenagem a ele um dia após sua morte.
Um avião especialmente fretado transportou seu caixão de Xangai, onde o ex-presidente, no poder de 1989 a 2003, morreu na quarta-feira (30) aos 96 anos, vítima de leucemia e falência múltipla de órgãos, segundo a imprensa estatal.
O atual presidente, Xi Jinping, esteve presente no aeroporto da capital, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
Uma cerimônia será organizada na próxima terça-feira (6) no Palácio do Povo, em Pequim, anunciou a televisão estatal CCTV. O evento será transmitido ao vivo, e as regiões têm de fazer o possível "para que a maioria dos militantes e dirigentes do partido, bem como a população, ouçam e vejam", disse. Nesse dia, três minutos de silêncio serão observados em todo país, com bandeiras a meio mastro e atividades de lazer suspensas.
Em sua cidade natal, Yanghzou, centenas de pessoas se reuniram ao entardecer para prestar homenagem a uma das figuras mais proeminentes da cidade. Muitos colocavam crisântemos brancos em frente à sua antiga casa. Alguns se ajoelhavam ou faziam orações curtas, segundo jornalistas da AFP. "Ele foi um líder muito bom. Contribuiu muito para melhorar a vida das pessoas em Yangzhou", disse à AFP um homem que se identificou apenas como Yan. Li Yaling, uma mulher de 60 anos, chamou-o de "grande líder, patriota e positivo", que trouxe "desenvolvimento econômico". "Nós o admirávamos muito e sentimos uma grande perda agora que ele se foi", acrescentou.
Agentes de segurança convidavam - educadamente, mas com firmeza - as pessoas próximas à casa a se retirarem para evitar aglomerações, após os protestos históricos que abalaram o país no último fim de semana contra as restrições sanitárias.
Em Xangai, às 12h45 (1h45 de Brasília), um comboio de veículos saiu do hospital, liderado por um carro com uma coroa de flores amarelas. A caravana seguiu para o aeroporto de Hongqiao.
Em Hong Kong, centenas de pessoas fizeram fila esta noite em frente ao Escritório de Ligação entre a ilha e a China continental para depositar flores em memória do ex-presidente, apurou um jornalista da AFP. "Ele atuou de tal forma que a economia de mercado se tornou parte da tendência dominante na China (...) sem isso, não haveria esperança para a democracia", disse Edward, um chinês de 26 anos que não quis dar seu sobrenome.
O canal estatal CCTV informou na quarta-feira, 30, que as bandeiras permanecerão a meio mastro em vários prédios do governo até o funeral.
A imprensa estatal e as empresas públicas modificaram seus sites para páginas em preto e branco, assim como vários aplicativos de smartphones, como Alipay, Taobao e McDonald's.
A população chinesa está dividida sobre o legado de Jiang. Embora muitos lembrem de um líder jovial, bem-humorado, que renovou o comando do Partido Comunista, outros não esquecem que, durante seu governo, a corrupção, as desigualdades sociais e a repressão contra os militantes políticos aumentaram de maneira considerável. Já aposentado, ele era visto com certa ternura pelas gerações nascidas a partir dos anos 1980. Muitos chamavam o ex-líder de "avô Jiang".
Na quarta-feira, em apenas uma hora, mais de meio milhão de pessoas comentaram o anúncio de sua morte pela CCTV na plataforma Weibo (equivalente chinês do Twitter).
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi um dos primeiros governantes estrangeiros a prestar homenagem a Jiang, a quem chamou de "amigo sincero" da Rússia e "estadista excepcional".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que ele foi um "firme defensor do compromisso internacional" de seu país. "Nunca esquecerei o calor e a abertura pessoal de Jiang Zemin", completou.