Diretor da OMS, Tedros Adhanom GhebreyesusChristopher Black/OMS/AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira, 14, esperar que a Covid-19 e a varíola dos macacos deixem de ser emergências de saúde pública em 2023. A previsão considera que ambas as doenças deixaram para trás as fases mais perigosas.
Há quase três anos do surgimento do novo coronavírus, a OMS assinalou que a Covid veio para ficar, mas que deve ser gerenciada em conjunto com outras doenças respiratórias. O diretor da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, falou sobre o número de óbitos pela doença na última semana.
"Na semana passada, menos de 10 mil pessoas morreram. Ainda são 10 mil mortes a mais, e os países ainda podem fazer muito para salvar vidas", declarou, em coletiva de imprensa. "Mas, percorremos um longo caminho. Temos esperança de que, em algum momento no próximo ano, possamos dizer que a Covid-19 não é mais uma emergência de saúde global."
Ghebreyesus acrescentou que o comitê de emergência da OMS, que o assessora em suas declarações de emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, sigla em inglês), começará a discutir em janeiro como será o fim desta fase.
Maria van Kerkhove, que lidera a parte técnica da gestão do coronavírus na organização, explicou que o comitê irá analisar a epidemiologia, as variantes e o impacto do vírus. Embora ainda se esperem ondas de contágios, a pandemia "não é o que era no começo", e as infecções já não geram tantas internações ou mortes, apontou.
"Essas mortes acontecem, em sua maioria, entre pessoas que não foram vacinadas" ou não receberam o esquema de imunização completo, ressaltou Kerkhove. Ela falou ainda que, embora 13 bilhões de vacinas tenham sido aplicadas no mundo, cerca de 30% da população ainda não recebeu nenhuma dose.
Investigar origem do vírus 
Quase 650 milhões de casos confirmados e mais de 6,6 milhões de mortes foram reportados à OMS, embora a agência da ONU reconheça que o número real é muito mais elevado.
Para Ghebreyesus, agora que o mundo vislumbra o fim da emergência sanitária, é necessário entender como a pandemia começou. "Continuamos pedindo à China que compartilhe os dados e realize os estudos que solicitamos para entender melhor as origens desse vírus".
"Todas as hipóteses permanecem sobre a mesa", acrescentou o diretor, entre elas a teoria de que o vírus vazou de um laboratório de virologia localizado em Wuhan.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, argumentou que a organização não poderia simplesmente deixar de trabalhar com Pequim porque "não cooperam" com a investigação, uma vez que uma parcela importante da população mundial vive na China.
O que esperar do futuro
A diretora de vacinas da organização, Kate O'Brien, pontuou que o benefício dos fármacos disponíveis "é majoritariamente a proteção diante da doença". "Gostaríamos muito de ter vacinas que fossem mais eficazes contra a infecção e transmissão e que oferecessem uma proteção mais duradoura", expressou a especialista.
Sobre a varíola dos macacos, o diretor da OMS disse que o surto os pegou de surpresa, mas que acredita em dar por encerrada a emergência em 2023. Embora tenham sido reportados mais de 82 mil casos em 110 países, apenas 65 foram fatais.
"Felizmente, o número de casos semanais caiu mais de 90%", citou Ghebreyesus. "Se esta tendência continuar, temos esperança de que, no próximo ano, também possamos declarar o fim dessa emergência", concluiu.