EUA libera milhares de documentos sobre assassinato do presidente KennedyArquivo/AFP

Os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos liberaram, nesta quinta-feira (15), milhares de documentos sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963. Segundo os Arquivos Nacionais, foram divulgados 13.173 documentos, mas a Casa Branca impediu a publicação de outros milhares, alegando razões de segurança nacional.
De acordo com a fonte, foram liberados 97% dos registros, que somam aproximadamente cinco milhões de páginas. O presidente americano, Joe Biden, comentou em um memorando que continuará mantendo em sigilo uma quantidade "limitada" de documentos.
"O adiamento temporário contínuo da divulgação pública desta informação é necessário para nos proteger de um dano identificável à defesa militar, às operações de Inteligência, à aplicação da lei ou à condução das Relações Exteriores", disse o chefe de Estado.
A Comissão Warren, que investigou o ataque a tiros contra o presidente de 46 anos, determinou que o crime foi obra de um antigo franco-atirador da Marinha, Lee Harvey Oswald, que agiu sozinho. No entanto, essa conclusão formal foi insuficiente para sufocar a especulação de que um complô mais sinistro estaria por trás do assassinato do 35º presidente dos Estados Unidos.
Os estudiosos de Kennedy afirmam que é pouco provável que os documentos que ainda estão conservados nos arquivos contenham revelações explosivas ou ponham fim às teorias conspiratórias sobre o assassinato.
Oswald desertou para a União Soviética em 1959, mas retornou aos Estados Unidos em 1962. Foi assassinado a tiros dois dias depois de matar Kennedy pelo proprietário de uma casa noturna, Jack Ruby, quando estava sendo transferido para a prisão da cidade.
Um número significativo dos arquivos publicados nesta quinta-feira está relacionado com Oswald, suas viagens internacionais e contatos nas semanas, meses e anos prévios ao assassinato de Kennedy. Entre os documentos está um de 1990 que relata o interrogatório de um ex-oficial da KGB, que disse que Oswald foi recrutado pelo serviço de inteligência soviético após desertar, mas foi considerado "um pouco louco e imprevisível".
O oficial afirmou que a KGB não teve mais contato com Oswald depois que ele voltou para os Estados Unidos e que sofria de depressão. A agência soviética "nunca o encarregou de matar o presidente Kennedy", garantiu. Outro documento, de 1991, cita uma fonte diferente da KGB segundo a qual Oswald "em nenhum momento foi um agente controlado pela KGB", embora a agência "o monitorasse de perto e constantemente enquanto ele estava na URSS".
Centenas de livros e filmes, como o longa de Oliver Stone "JFK" (1991), alimentaram a indústria da conspiração, apontando o dedo para os rivais da Guerra Fria - União Soviética e Cuba -, a máfia e, inclusive, o vice-presidente de Kennedy, Lyndon Johnson.
A publicação dos documentos cumpre com uma lei do Congresso de 26 de outubro de 1992 segundo a qual os registros de assassinatos que estão nos Arquivos Nacionais devem ser publicados na íntegra e sem edição 25 anos depois.
Milhares de documentos relacionados com o assassinato de Kennedy nos Arquivos Nacionais foram publicados durante o mandato de Donald Trump, mas o ex-presidente também manteve o sigilo de outros por motivos de segurança nacional.