Desastre aconteceu na última segunda-feira, 6AFP
O frio na região dificulta os resgates e agrava a tragédia de uma população desesperada. Segundo a ONU, pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos e, apenas na Síria, 5,3 milhões de pessoas ficaram sem ter onde morar.
Mas, em meio à morte e destruição, as equipes de resgate continuam encontrando sobreviventes.
"O mundo está aí?", perguntou Menekse Tabak, de 70 anos, ao ser retirada dos escombros na cidade turca de Kahramanmaras, epicentro do terremoto, sob aplausos, segundo vídeo divulgado pelo emissora pública TRT Haber.
Na cidade de Antakya um bebê de dois meses foi resgatado 128 horas após o terremoto, informou a agência Anadolu.
Além disso, a mídia turca informou que uma menina de dois anos, uma mulher grávida e um pai com seu filho de quatro anos foram resgatados cinco dias após o terremoto.
No sul da Turquia, famílias fizeram luto em um campo de algodão transformado em cemitério, onde uma fila interminável de cadáveres chegava para ser enterrada às pressas.
26 milhões de afetados
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou neste sábado, 11, à cidade síria de Aleppo, fortemente atingida pelo terremoto, para visitar hospitais e centros de acolhimento com as autoridades locais.
Tedros disse que viajava com "em torno de 37 toneladas de suprimentos médicos de emergência" e que, nesta domingo, 12, haverá outra rodada com mais de 30 toneladas de ajuda.
O diretor da OMS, que é médico, também alertou para outras graves repercussões da tragédia.
"O abastecimento de água e outros serviços foram afetados, as pessoas estão expostas a doenças diarreicas e outros problemas de saúde, especialmente problemas de saúde mental", alertou.
Depois de visitar as áreas afetadas, Tedros disse que está com o coração partido "ao ver as condições enfrentadas pelos sobreviventes".
Supervisão da Cruz Vermelha
Até agora, praticamente toda a ajuda fornecida às áreas rebeldes transita lentamente da Turquia através do posto fronteiriço de Bab al-Hawa, o único garantido pela ONU.
Para o envio de ajuda à Turquia, uma passagem de fronteira com a Armênia foi aberta neste sábado pela primeira vez em 35 anos, informou a agência Anadolu.
Segundo a agência turca para emergências e desastres naturais, cerca de 32 mil pessoas estão mobilizadas nas operações de resgate, além de mais de 8 mil socorristas estrangeiros.
Detenções de saqueadores
Dois socorristas com cães austríacos conseguiram retomar suas tarefas horas depois, conforme um porta-voz militar, "sob proteção do Exército turco".
Na Turquia, 48 pessoas foram presas por saques. Um decreto publicado neste sábado agora permite que os promotores detenham suspeitos de saques por sete dias, não quatro.
Apesar dos esforços dos serviços de emergência, o número de mortos continua a aumentar.
O último balanço deste sábado registra 28.191 mortes, sendo 24.617 na Turquia e 3.574 na Síria.
Após cinco dias do terremoto, o mais mortal na região desde 1939, a comoção inicial dá lugar à raiva e à revolta, na Turquia, pela resposta do governo e pela má qualidade das construções. As autoridades estimam que 12.141 edifícios foram destruídos, ou gravemente danificados.
Neste sábado, a polícia turca prendeu 12 pessoas pelo desabamento de edifícios nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa. E mais detenções são esperadas, depois que o vice-presidente turco, Fuat Oktay, informou que os promotores emitiram ordens de prisão contra 113 pessoas.
Diante das críticas à gestão do governo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez uma espécie de "mea-culpa" na sexta-feira.
"Houve tantos edifícios danificados que, infelizmente, não conseguimos acelerar nossas intervenções como gostaríamos", afirmou, durante uma visita a Adiyaman.
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