Violência eclodiu em meio a uma disputa de poder entre os dois generais que protagonizaram o golpe de Estado de 2021AFP
A violência no Sudão eclodiu em 15 de abril entre as tropas do general Abdel Fatah al Burhan, líder de fato do país desde o golpe de 2021, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), comandadas pelo general Mohamed Hamdan Daglo.
Burhan e Daglo concordaram com várias tréguas desde o início do conflito, mas nenhuma se manteve, com cada lado culpando o outro por violá-las.
Apesar de um novo cessar-fogo de três dias, acordado na última quinta-feira, 27, com a mediação dos Estados Unidos, Arábia Saudita, União Africana e ONU, os combates continuam na capital e em outras regiões do país.
"Acordamos mais uma vez com o barulho de aviões de combate e armas antiaéreas em todo o nosso bairro", disse à AFP um morador do sul de Cartum.
Outra testemunha afirmou que os combates aconteciam desde o início do sábado, principalmente em torno da sede do canal público de televisão na cidade de Omdurman, perto de Cartum.
Os habitantes que não conseguiram fugir estão trancados em suas casas há semanas e enfrentam escassez de comida e água.
Ataques cruzados
O secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir a cessação imediata dos combates e apoiou os esforços de mediação liderados por africanos.
“Não há direito de continuar lutando pelo poder quando o país está desmoronando”, disse Guterres ao canal Al Arabiya. Até agora, os combates deixaram pelo menos 512 mortos e 4.193 feridos, segundo o Ministério da Saúde.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou que a violência pode agravar as carências de milhões de pessoas neste país onde, em tempo de paz, um terço da população precisava de ajuda para evitar a fome.
Situação alarmante em Darfur
Segundo a Médicos Sem Fronteiras (MSF), há saques generalizados, destruição e incêndios de propriedades, inclusive em campos para deslocados. Os combates obrigaram a agência a interromper quase todas as suas atividades na região.
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