Primeiro turno das eleições no Equador acontecem neste domingo, 20Reprodução/El Universo
"A movimentação dos candidatos e o perfil deles estão conectados com o papel que os cartéis continuarão a desempenhar no Equador", aponta a professora de Relações Internacionais da ESPM e especialista em América Latina Tamya Rebelo. "Essas eleições podem ser um divisor de águas no que diz respeito à influência que esses grupos atualmente exercem nas estruturas do Estado."
A esfera política do país foi marcada por uma sequência de atentados, sendo que um deles levou à morte do candidato à presidência Fernando Villavicencio em 9 de agosto. No dia seguinte, Estefany Puente, candidata à Assembleia Nacional, foi alvo de um atentado por disparos de arma de fogo, que resultaram em ferimentos leves no braço. Além disso, na última segunda-feira, 14, Pedro Briones, um dirigente partidário local, também foi assassinado.
Ainda, na quinta, 17, tiros foram ouvidos durante um evento do candidato Daniel Noboa na cidade de Durán, região oeste do país. Depois, no sábado, 19, o prefeito de La Libertad, Francisco 'Pancho' Tamariz foi alvo de uma emboscada e conseguiu sobreviver após o carro levar cerca de 30 disparos.
As últimas pesquisas de intenção de voto mostravam Villavicencio entre os quatro mais bem colocados para a disputa. Ele aparecia ao lado de Luisa González, Otto Sonnenholzner e Yaku Pérez.
Os ataques a figuras políticas ocorrem em um momento de questionamentos e insatisfações da população com a crescente insegurança que assola o país. De acordo com Rebelo uma das principais questões a se pensar quando se trata da onda de violência no Equador é o papel das redes de organizações criminosas e como elas vêm tentando expandir sua influência no tecido político, econômico e social.
A especialista aponta que o Equador sempre foi "um país relativamente estável na América Latina", mas que, devido à posição geográfica, boa infraestrutura e rota para transporte de cocaína, despertou interesses de criminosos locais e de outros países, incluindo México e Colômbia.
Pesquisas de intenção de voto realizadas no país indicam que grande parte da população equatoriana está indecisa quanto a escolha de um candidato à presidência. Uma das principais preocupações do eleitorado, segundo a professora da ESPM, é, de fato, a violência, mas a instabilidade política na região causa certo desespero na população na escolha de um líder que conseguirá propor medidas relativamente viáveis para combater grupos que já estão infiltrados nas dimensões governamentais do país.
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