Furacão chegou à cidade na última quarta-feira (25)Salvador Valadez/AFP
Com quase 780 mil habitantes, esse popular balneário do estado de Guerrero (sul) registra, juntamente com municípios vizinhos, 48 mortos. A cidade foi devastada por esse furacão, que chegou na madrugada de quarta-feira (25) como categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson.
"Vamos lutar por nós", declara à AFP Margarita Carmona, conhecida em seu bairro como "Dona Mago", depois de cortar árvores caídas ao lado de seu genro e outros moradores.
“Quero voltar para casa como está. Demorei muito tempo para construir a minha casinha”, diz “Dona Mago”, enquanto observa os restos da casa que divide com a filha e os netos.
Por ali também está Julián Matadama, um trabalhador da construção civil, de 52 anos, que limpa a lama e os escombros ajudado por outros moradores, enquanto um grupo de mulheres retira o que restou dos telhados de chapa de suas casas.
Após o golpe do furacão, um sentimento de abandono consumia os moradores da área, que suplicavam pela ajuda governamental, que começou a ser distribuída no sábado.
"Precisamos de ajuda. Não queremos ver as feridas nos pés para não nos assustarmos e continuarmos saindo (em busca de comida) para as crianças", diz Matadama com um olhar angustiado enquanto carrega seu filho mais novo.
Por sua vez, um pescador lamenta ter que enfrentar a tragédia sozinho. “Não tem como você comer, não tem como você beber água”, afirma.
Sem turistas
O lugar, milagrosamente, ainda está de pé, embora tenha perdido o telhado e a cozinha esteja devastada. As geladeiras sem energia elétrica contêm algumas garrafas de água e cerveja, que Omar protege para evitar que sejam roubadas após saques em supermercados.
Agora ele teme que demore meses para que os visitantes retornem ao porto. “Vai ser mais um duro golpe para todas as pessoas que trabalham na praia. Não vamos ter turistas. Como vamos fazer? Nada além de pensar quanto dinheiro se necessita para se levantar, de onde tirá-lo" pergunta-se.
Juana Flores, 68 anos, seca ao sol as roupas de primavera que vende aos turistas. Ela lamenta que Otis também tenha chegado antes da alta temporada de férias.
“Com a pouca mercadoria que sobrou vamos trabalhar, não tem outra opção. Não sabemos o que vai acontecer”, diz ela, resignada.
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