Medida responde aos apelos de ativistas ambientais para proteger os mamíferos marinhosDivulgação
França proíbe pesca no Atlântico temporariamente para proteger golfinhos
Proibição será aplicada durante um mês e deverá ser respeitada tanto pelos pescadores franceses quanto os estrangeiros
A França vai proibir temporariamente a pesca comercial no golfo de Vizcaya, uma medida sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, que busca proteger os golfinhos, mas que gera descontentamento na indústria.
A proibição, anunciada nesta quinta-feira (18), será aplicada durante um mês, a partir da segunda-feira, e deverá ser respeitada tanto pelos pescadores franceses quanto os estrangeiros.
A medida responde aos apelos de ativistas ambientais para proteger os mamíferos marinhos, após constatar um aumento das mortes de golfinhos na costa atlântica.
De Finisterre, no extremo oeste da região da Bretanha, à fronteira espanhola, a pesca cessará quase totalmente até 20 de fevereiro.
Nesta quinta, o governo francês estendeu a proibição a todos os barcos, seja qual for sua origem, e prometeu apoiar pescadores e peixarias. Inicialmente, a restrição emanou do mais alto tribunal administrativo francês, o Conselho de Estado.
O CIEM, um órgão científico que monitora a situação dos ecossistemas do Atlântico Norte, exige há anos pausas invernais para algumas práticas de pesca indiscriminada, deparando-se com a firme oposição da indústria pesqueira.
Segundo esse órgão, cerca de 9.000 golfinhos morrem por ano no Atlântico em frente ao litoral francês, ao ficarem presos nas redes de forma acidental.
A proibição afeta barcos de mais de oito metros de comprimento e englobará cerca de 450 embarcações francesas.
"É um absurdo parar negócios como este por um mês", declarou à AFP Raymond Millet, um pescador de La Rochelle, cidade do oeste da França.
Segundo Millet, que se dedica à pesca há 40 anos, as embarcações com entre nove e 11 metros "não são o tipo de barco que pesca golfinhos".
Franck Lalande, proprietário de dois barcos na cidade de Arcachon, no sudoeste, afirmou temer que a proibição leve a "distúrbios", pois, na sua opinião, as compensações financeiras previstas pelas autoridades são insuficientes.
Por sua vez, o Comitê Nacional da Pesca (CNPMEM) criticou as exigências de "ONGs extremistas" e garantiu que os mamíferos marinhos "não estão em perigo".
As empresas de processamento de pescado calculam que podem perder mais de 60 milhões de euros (R$ 321 milhões, na cotação atual) por causa da medida.
Nesta quinta-feira, o governo prometeu apoiar a indústria e ativar "medidas de desemprego parcial e ajudas específicas se for necessário".
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