Fumaça sobe após novo ataque de Israel a Faixa de Gaza nesta sexta-feira, 19AFP

O Hamas afirmou nesta sexta-feira, 19, que os bombardeios do Exército israelense e os combates na zona de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, deixaram quase 150 mortos nas últimas 24 horas.

Testemunhas relataram na madrugada desta sexta-feira disparos e bombardeios em Khan Yunis, principal cidade do sul do território palestino, agora epicentro da batalha e onde Israel afirma que se escondem dirigentes do Hamas, que governa Gaza desde 2007. O Crescente Vermelho informou "intensos" disparos de artilharia nas imediações do hospital Al Amal.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que 142 palestinos morreram com os ataques israelenses nas últimas 24 horas no devastado território de 362 km2, onde cerca de 85% de seus 2,4 milhões de habitantes viram-se obrigados a se deslocar, segundo a ONU.

O Exército israelense indicou em um comunicado que "as forças aéreas e terrestres mataram vários terroristas" no norte, e o Hamas informou combates no campo de refugiados de Jabaliya e na Cidade de Gaza.

A guerra eclodiu após o sangrento ataque do movimento islamista palestino em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Cerca de 250 pessoas foram também sequestradas durante o ataque. Segundo Israel, 132 continuam retidas em Gaza e 27 estariam mortas.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, classificado como "organização terrorista" pelos Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma operação aérea e terrestre em Gaza que deixou 24.762 mortos, em sua maioria mulheres e menores, segundo o movimento islamista.


'Condições de vida desumanas'
Israel mantém também desde 9 de outubro um "assédio total" ao território palestino, impedindo a entrada de água, alimentos, medicamentos e combustível. Nesta sexta-feira, as comunicações seguiam cortadas pelo oitavo dia consecutivo.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou a "explosiva" situação sanitária e as "condições de vida desumanas" em Gaza.

Ante os inúmeros chamados a uma trégua humanitária, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se mostrou inflexível e assegurou que a guerra continuará até "a eliminação dos chefes terroristas" e "o retorno dos reféns à casa".

A Rússia instou o Hamas a "liberar rapidamente" todos os reféns, depois de uma reunião, em Moscou, entre o vice-chanceler russo, Mikhail Bogdanov e Mousa Abu Marzouk, membro do gabinete político do Hamas.

O dirigente também afirmou querer "ter o controle da segurança de todo o território a oeste do rio Jordão", o que "contradiz a ideia" de um Estado palestino.

Com estas afirmações, Netanyahu confrontou novamente a posição dos Estados Unidos sobre a possível estratégia após a guerra no território, onde Washington defende a criação de um Estado palestino viável como condição necessária para uma "segurança real" na região.

"Obviamente, vemos as coisas de forma diferente", indicou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

O porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, garantiu que "sem um Estado palestino independente, não haverá nem segurança nem estabilidade na região", que está "à beira de uma erupção vulcânica".

Nesta sexta-feira, os huthis reivindicaram disparos contra um petroleiro americano, o último ataque deste grupo apoiado pelo Irã contra navios mercantes em "solidariedade" a Gaza.

Por sua vez, o Exército israelense afirmou que interceptou um drone que cruzou, a partir do Líbano, a zona marítima israelense e que bombardeou infraestruturas do Hezbollah no sul do país vizinho.

Os tanques israelenses também atacaram "infraestruturas militares pertencentes ao Exército sírio", em resposta a tiros em direção às Colinas de Golã, que estão ocupadas por Israel.