Israel recebe críticas internacionais por sua conduta na guerraJalaa Marey/AFP
"O mundo deve saber, e os líderes do Hamas devem saber: se até o Ramadã os nossos reféns não estiverem em casa, os combates continuarão em todas as partes, incluindo a área de Rafah", declarou Benny Gantz, um dos três integrantes do gabinete de guerra israelense, em Jerusalém.
"O Hamas tem a escolha. Eles podem render-se, libertar os reféns e os civis de Gaza poderão celebrar o Ramadã", acrescentou Gantz. O Ramadã, mês sagrado muçulmano, termina no dia 8 de abril.
Esta é a primeira vez que o governo israelense estabelece um prazo para o ataque contra Rafah, a cidade onde estão refugiados 1,4 milhão dos 1,7 milhão de palestinos deslocados pela guerra.
Governos estrangeiros, que temem um massacre, pediram a Israel para evitar o ataque contra Rafah, a última cidade da Faixa de Gaza que não foi invadida por tropas terrestres na guerra de quatro meses.
Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que não atacar Rafah significaria "perder a guerra".
Em Jerusalém, Netanyahu reafirmou no domingo a promessa de "concluir o trabalho até alcançar a vitória total" contra o movimento islamista, com ou sem acordo sobre os reféns.
Gantz acrescentou que a ofensiva acontecerá de maneira coordenada com Estados Unidos e Egito para possibilitar a retirada e "minimizar as baixas civis dentro do possível".
Mas não ficou claro para onde os civis da sitiada Faixa de Gaza seriam enviados.
"Colonialismo e apartheid"
O governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, pressiona por uma trégua de seis semanas em troca da libertação de 130 reféns que Israel acredita que continuam em Gaza, incluindo 30 que estariam mortos.
Quase 250 pessoas foram sequestradas em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas executaram um ataque sem precedentes contra Israel que deixou 1.160 mortos, segundo um balanço da AFP baseado em números do governo israelense.
A resposta militar de Israel deixou pelo menos 29.092 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.
O Conselho de Segurança da ONU pretende discutir esta semana uma nova resolução para exigir um cessar-fogo em Gaza, mas Washington já antecipou que pode vetar o texto por considerar mais conveniente um acordo negociado de trégua com uma troca de reféns.
O principal tribunal da ONU iniciou uma série de audiências para analisar as consequências jurídicas da ocupação dos territórios palestinos por Israel desde 1967.
O ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Riyad al Maliki, denunciou na Corte Internacional de Justiça (CIJ) que seu povo sofre com o "colonialismo e apartheid" sob a ocupação israelense.
Israel concentra os ataques no sul de Gaza, em particular em Khan Yunis e Rafah.
O Exército divulgou nesta segunda-feira imagens do interior da devastada Faixa de Gaza, que mostram as tropas israelenses com unidades de cães farejadores travando batalhas intensas casa por casa e tanques abrindo caminho entre os destroços de edifícios bombardeados.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas um genocídio", declarou Lula, que comparou as ações israelenses com a campanha de Adolf Hitler para exterminar os judeus, uma afirmação que provocou forte repúdio em Israel.
Netanyahu, em contrapartida, classificou os comentários de Lula de "vergonhosos e graves" afirmando que constituem uma "banalização do Holocausto". Além disso, anunciou que seu governo convocou o embaixador do Brasil em Israel e o convidou para uma reunião com o chefe da diplomacia no centro memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.
E enquanto a ajuda humanitária chega a conta-gotas à Faixa de Gaza, manifestantes israelenses impediram a passagem de caminhões de ajuda que seguiam do Egito para Rafah, segundo o Crescente Vermelho Palestino.
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