Ataque a tiros foi realizado na sexta-feirs (22)AFP
"A investigação está em curso e a administração presidencial cometeria um erro se fizesse comentários sobre o andamento da investigação. Não o faremos", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, que também se negou a comentar as acusações de tortura dos suspeitos do ataque.
O massacre de sexta-feira, 22, deixou pelo menos 137 mortos em uma casa de shows da periferia de Moscou. Este foi o ataque com o maior número de vítimas em território europeu reivindicado pelo EI.
As autoridades russas não mencionaram até o momento a reivindicação do grupo extremista. Os serviços de segurança e o presidente Vladimir Putin apontaram um suposto vínculo dos criminosos com a Ucrânia, sem apresentar provas.
Kiev, que enfrenta a ofensiva russa há mais de dois anos, nega com veemência qualquer envolvimento no atentado. O governo dos Estados Unidos também rejeita a versão do presidente russo.
Peskov não comentou as acusações de tortura contra os suspeitos detidos, que surgiram após a publicação de vídeos nas redes sociais e imagens nas quais três dos quatro detidos aparecem com os rostos ensanguentados.
"Vou deixar esta pergunta sem resposta", declarou o porta-voz da presidência russa ao ser questionado pelos repórteres.
Outro vídeo, divulgado na internet e do qual não foi possível confirmar a autenticidade, mostra uma pessoa fora da tela cortando a orelha de um dos suspeitos do ataque.
Na audiência dos suspeitos em um tribunal no domingo à noite, um deles estava com um curativo branco na orelha e outro chegou em uma cadeira de rodas com os olhos fechados.
As autoridades anunciaram a detenção de 11 pessoas, incluindo os quatro supostos responsáveis pelo ataque. Mas o perfil dos demais detentos não foi revelado até o momento.
Peskov também não revelou mais detalhes sobre os demais sete detidos e voltou a citar o argumento da investigação em curso. Ele disse apenas que, no momento, Putin não planeja visitar o Crocus City Hall, o local do atentado.
Revés para Putin
Altos funcionários do entorno de Putin pediram nas últimas horas que a moratória sobre a pena de morte para "terroristas" fosse levantada.
O ataque, ocorrido poucos dias após a reeleição de Putin e em meio a promessas de segurança à população após a intensificação dos ataques ucranianos em solo russo, representa um severo revés para o presidente.
O ataque relembra outros atos terroristas durante os primeiros anos de Putin no poder, tendo como pano de fundo a guerra na Chechênia: a tomada de reféns no teatro moscovita de Dubrovka, em 2002, e a tragédia na escola de Beslan, dois anos depois.
A luta contra o terrorismo "precisa de plena cooperação internacional", disse Peskov nesta segunda-feira, mas essa colaboração "não existe".
O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que propôs mais cooperação à Rússia nesta questão, mas pediu para não "instrumentalizar" o ataque a Moscou. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, também pediu que não fosse usado "como pretexto para uma escalada de violência e agressão".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.