Analistas avaliam que condenação de Trump pode influenciar eleitorado norte-americanoMICHAEL M. SANTIAGO / AFP
O bilionário republicano, que foi considerado culpado das 34 acusações contra ele nesta quinta-feira, 30, em Nova York, está imerso na corrida para conseguir um segundo mandato presidencial. O veredicto, de fato, não o impede de se candidatar.
Este caso, que polarizou ainda mais os Estados Unidos, gerou meses de cobertura televisiva e denúncias inflamadas de apoiadores dos dois lados, mas o público em geral, analistas e institutos de pesquisas esperam que a reação seja de apatia coletiva.
"Vivemos em um sistema suprapartidário no qual os eleitores se concentram no que se denomina de partidarismo negativo: votam contra o candidato de quem menos gostam, não a favor de um candidato ao qual apoiam", avaliou o cientista político Nicholas Higgins.
Trump, que fará 78 anos em junho, é o primeiro ex-presidente americano declarado culpado criminalmente e o primeiro condenado candidato de um grande partido político, o que dá aos democratas material abundante para atacá-lo às vésperas da revanche nas eleições de novembro contra o presidente Joe Biden.
Ficou comprovado que o republicano tinha falsificado registros contábeis para ocultar, antes das eleições de 2016, um pagamento à ex-atriz pornô Stormy Daniels em troca de seu silêncio sobre um encontro sexual que ela alega que ambos tiveram.
A sentença será definida em 11 de julho, quatro dias antes das convenção do Partido Republicano, na qual se espera que Trump seja anunciado oficialmente como candidato à Presidência.
Dois terços dos entrevistados na última consulta do instituto de pesquisas Marist asseguraram que uma condenação não influenciaria seu voto, enquanto o restante se dividiu quase por igual sobre se os tornaria mais ou menos propensos em apoiar Trump.
Higgins, diretor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de North Greenville, na Carolina do Sul, espera que cerca de 1% dos eleitores passem da opção por Trump para a de um candidato de um terceiro partido ou que não votem.
"Mas não cabe esperar que ocorra nenhuma mudança a favor de Biden por causa desta decisão", antecipou.
"Dado que as eleições vão se decidir por alguns poucos milhares de votos nestes estados, uma condenação sem dúvida prejudicará Trump", avaliou Donald Nieman, analista político e professor de história na Universidade de Binghamton, no estado de Nova York.
Jared Carter, professor da Faculdade de Direito e Pós-graduação de Vermont, disse que, embora o impacto da sentença seria pequeno, poderia inclusive incentivar o núcleo de Trump, ao mesmo tempo em que afastaria os independentes.
"E quando se está falando de uma eleição disputada em poucos estados indecisos, estes eleitores independentes, talvez os republicanos moderados, fazem grande diferença", disse à AFP.
"É difícil dizer com exatidão quantos eleitores vão se distanciar realmente de Trump. Mas até mesmo uma mudança pequena poderia ter enormes consequências", avaliou.
Quando a YouGov/Yahoo News perguntou aos americanos como se sentiam no começo de maio sobre este julgamento, 31% disseram que não se interessavam, enquanto 26% se mostraram interessados.
Para o cientista político Nicholas Creel, da Georgia College and State University, uma sentença provavelmente romperia com esta apatia e prejudicaria as chances de Trump.
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